Crédito: Ricardo Duarte
Gaúcho e colorado, colorado e gaúcho. Mais novo atleta do Clube do Povo, o meio-campista Gustavo Campanharo foi oficialmente apresentado como jogador do Inter nesta tarde de quinta-feira. Durante emocionada entrevista coletiva na sala de imprensa do Beira-Rio, o jogador de 31 anos, que assinou contrato até dezembro de 2024, disse estar realizando um sonho em Porto Alegre: o de vestir as cores do seu time de coração.
“Uma emoção muito grande. Desde criança, era um sonho vestir essa camisa. Desde que eu comecei a jogar futebol. Hoje me sinto bastante emocionado, porque, depois de todas essas idas e vindas, estar aqui nesse lugar e poder estar vestindo essa camisa é uma emoção muito grande. Tenho certeza que a gente tem muita história pela frente e, se depender de mim, vou honrar essa camisa.”
Gustavo Campanharo
Coube ao vice-presidente de Futebol do Inter, Felipe Becker, abrir a coletiva de apresentação de Campanharo, e o dirigente fez questão de sublinhar a identificação do novo reforço com o Clube do Povo. A paixão de Gustavo, como revelou o político colorado, foi determinante durante as tratativas com o Kayserispor-TUR, time que o gaúcho de Caxias do Sul defendia desde 2019.
“Um jogador que, desde o início das conversas, se mostrou com muita vontade de vestir a nossa camisa. Inclusive, ajudou nas negociações. Foi importante para nós podermos contar com ele. Seja bem-vindo, tenho certeza que estarás em casa aqui. Vais encontrar um grupo muito forte, muito fechado, muito unido. Estamos a tua disposição e confiamos muito em ti!”
Felipe Becker
Além de referendar os bastidores confidenciados por Felipe Becker, o diretor executivo William Thomas, que sucedeu a fala do vice-presidente, também elencou as características de Gustavo que chamaram a atenção do Inter. Polivalente, o meio-campista conquistou o Clube do Povo não apenas pelas qualidades técnicas, mas também pelo profissionalismo que apresentou ao longo da carreira.
“Identificamos um atleta com características de comportamento, profissionalismo e engajamento com relação aos projetos que já participou. E, evidentemente, de características técnicas e competitivas que o Clube vinha buscando para preencher a posição de primeiro volante – apesar de também ter as características e o histórico de ter jogado em outras funções. Nos fez entender como uma ótima oportunidade estar finalizando a contratação.”
William Thomas
A polivalência para ocupar diferentes posições no meio de campo, inclusive, também foi explicada pelo próprio Gustavo. Revelado no Juventude, Campanharo já defendeu, antes da trajetória no futebol turco, as cores de Fiorentina, Bragantino, Verona, Evian-FRA, Ludogorets e Chapecoense. Nesses times, ocupou funções mais ofensivas do que a aprimorada durante a trajetória pelo Kayserispor.
“No início da minha carreira e até pouco tempo atrás, eu exerci outra função. Um pouco mais avançado, como segundo, terceiro volante. Quando cheguei na Turquia, teve um treinador que viu essa característica em mim e pôde estar me recuando nessa função de primeiro volante. A partir daí, aumentei meus números, minha imposição dentro do campo foi outra. Hoje, sim, posso dizer que sou um número cinco.”
Gustavo Campanharo
“Me sinto bem nessa função, acredito que nos últimos anos eu venho desenvolvendo. Tive que me readaptar durante a carreira, mas foi um processo muito bom individualmente e, lógico, coletivamente ajudou a equipe em que eu estava. Hoje eu me considero mordedor, porque essa função requer isso. Era um dos líderes de desarme lá na Turquia nessa função. Não consigo muito ficar olhando o cara vir para cima e não tomar uma atitude.”
Gustavo Campanharo
Campanharo esteve acompanhado de seus familiares durante a entrevista coletiva. Visivelmente emocionado, e muitas vezes com a voz embargada, o atleta representou, diante das câmeras e microfones, o sentimento compartilhado por todos os seus parentes, que igualmente seguravam o choro nas cadeiras da sala de imprensa do Beira-Rio. Também por isso, admitiu estar ansioso para debutar com a camisa vermelha.
“É uma emoção muito grande. Sei da responsabilidade que eu tenho aqui dentro. Um Clube grande sempre tem responsabilidades grandes. A emoção nossa descreve o que é esse momento para a gente, não vejo a hora de poder estar em campo, ajudando, porque, com certeza, vontade não vai faltar para estar ajudando, dando o meu máximo. Ajudando o Clube em que eu sempre sonhei estar.”
Gustavo Campaharo
A vontade de entrar em campo, que se diga, não significa desejo de acelerar processos. Embora estivesse atuando com frequência na Liga da Turquia, e esteja há apenas dois dias sem treinar, Campanharo sabe que a decisão a respeito de sua estreia pelo Inter cabe única e exclusivamente à comissão técnica de Mano Menezes. Quando a oportunidade surgir, o novo camisa 17 espera reeditar com Pedro Henrique a dupla de sucesso que formaram na Turquia.
“Cara, já tive uma conversa com ele (PH) para a gente reeditar essa dupla aqui no Inter. Tivemos momentos muito felizes na Turquia, a gente pôde ter uma amizade muito bacana. Ele pôde estar me passando que está todo mundo buscando remar para o mesmo lado, e eu chego para tentar agregar, dar o meu máximo, tentar ajudar da melhor forma possível e, quem sabe, reeditar essa dupla que foi muito feliz na Turquia também.”
Gustavo Campanharo
Assuntos extracampo também foram comentados por Campanharo, que precisou superar diversas dificuldades nos últimos anos. Na Turquia, afinal, Gustavo sentiu os reflexos do recente terremoto que vitimou mais de 45.000 pessoas, e antes disso sofreu com os efeitos da pandemia de Covid-19, que obrigou o meio-campista a ficar hospitalizado. O próprio atleta detalhou como superou cada um desses obstáculos.
“O terremoto foi uma situação bem tensa para nós. Estávamos em uma cidade que sentiu os tremores. Não foi afetada tanto assim, mas a gente sentiu. Fomos pegos de surpresa, eu estava viajando para jogar. Minha esposa e meus filhos estavam no apartamento, acordei com ela me ligando bastante aflita. O povo todo está bem doído em relação a isso, foi uma situação bem complicada, de bastante desastre também.”
Gustavo Campanharo
“Em relação à Covid, passei por uma cirurgia no ano passado. Vejo como um período de superação e de muito aprendizado, acima de tudo. Passei, sim, por momentos difíceis, fiquei um tempo no hospital e, durante esse tempo, a gente acaba refletindo sobre bastante coisa. Me fortaleci nesse momento e, após isso, me recuperei 100%, pude estar voltando a jogar, com bastante minutagem.”
Gustavo Campanharo