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Desafios climáticos e financeiros geram incerteza à safra 2024/2025 de arroz no RS

Lavoura de arroz: à espera de apoio para mitigar as consequências da enchente de maio, setor arrozeiro vive clima de incerteza no campo / Foto: Paulo Lanzetta - Embrapa Clima Temperado

Lavoura de arroz: à espera de apoio para mitigar as consequências da enchente de maio, setor arrozeiro vive clima de incerteza no campo / Foto: Paulo Lanzetta - Embrapa Clima Temperado

A safra de arroz 2024/2025 no Rio Grande do Sul enfrenta um cenário de incertezas, com previsão de redução na área plantada. Dos 948,3 mil hectares projetados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), cerca de 50 mil hectares podem deixar de ser semeados, representando uma queda de 5,2%. O alerta foi dado pelo presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), Alexandre Velho, em coletiva de imprensa.

Os produtores das regiões Central e Sul do Estado enfrentam uma série de adversidades, como os reflexos das enchentes de abril e maio, baixa luminosidade em dezembro, frio tardio e chuvas persistentes. Esses fatores dificultaram a recuperação de estruturas essenciais, como canais de irrigação e drenagem, além de impactarem o perfil do solo. “Muita erosão aconteceu em função da enchente”, explicou Velho.

Na Região Central, onde a área total estimada é de 125,8 mil hectares, cerca de 40 mil hectares ainda aguardam o plantio. Já no Sul, que é responsável por 165,9 mil hectares, 98,25% da área foi semeada até 5 de dezembro, mas o atraso no manejo também preocupa. Segundo Velho, as chuvas dificultaram a aplicação de insumos e o controle de plantas invasoras, fatores que podem comprometer a produtividade.

Pressões financeiras e falta de apoio do setor arrozeiro

Outro desafio apontado pela Federarroz é a falta de apoio efetivo do governo federal aos pequenos produtores atingidos pelas enchentes. “O recurso não chegou na ponta. Essa é a verdade”, afirmou Velho, destacando que a ausência de medidas concretas coloca em risco a permanência de agricultores na atividade.

Além disso, o atraso no plantio fora do prazo do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) pode impedir a contratação de seguro rural. A Federarroz solicitou ao Ministério da Agricultura a extensão do prazo do Zarc até dezembro, mas a previsão é de que a área total semeada fique aquém do esperado.

Preços desanimadores

A perspectiva de baixos preços também preocupa o setor. Segundo Velho, os contratos de opção lançados pelo governo apresentam valores abaixo do custo de produção, que varia entre R$ 90,00 e R$ 100,00 por saca. Com o preço projetado para março de 2025 em torno de R$ 80,00, a rentabilidade dos produtores fica comprometida. “Esse movimento pode trazer um desestímulo ao setor, que vinha recuperando área perdida”, alertou o presidente da Federarroz.

Em anos recentes, a área cultivada com arroz no Estado caiu de 1,1 milhão de hectares para 840 mil, mas estava em leve recuperação. Agora, a combinação de custos elevados, produtividade ameaçada e preços baixos coloca em xeque essa retomada.

Perspectivas

Diante de tantas adversidades, o futuro da safra de arroz no Rio Grande do Sul permanece incerto. A Federação das Associações de Arrozeiros continuará pressionando por soluções que garantam a sustentabilidade dos produtores, mas o cenário exige planejamento e ações rápidas para mitigar os impactos climáticos e econômicos sobre o setor. O setor espera uma resposta efetiva tanto do governo quanto do mercado para atravessar este momento delicado.

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