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David Canabarro: há 224 anos, nascia o líder que assumiu movimento farroupilha

Há 224 anos, em 22 de agosto de 1796, David José Martins nasceu, em Taquari. Mas somente em 1836 adotou o nome David Canabarro. Filho do fazendeiro (estancieiro) José Martins Coelho e de Mariana Inácia de Jesus.

Sua mãe era natural da Ilha de Santa Catarina, filha de Manoel Teodósio Ferreira e de Perpétua de Jesus, que se mudaram para Bom Jesus do Triunfo/RS por volta do ano de 1778, onde os pais de Canabarro se conheceram.

Seus avós paternos eram José Martins Faleiros e Jacinta Rosa – naturais da Ilha Terceira, Açores, Portugal, que migraram para Porto Alegre, na Província de São Pedro do Rio Grande (atual Estado do Rio Grande do Sul).

Casou duas vezes, a primeira com uma tia e a segunda, com a cunhada (viúva de seu irmão, João Martins), em 1867. Deixou descendentes, entre eles, Maria Angélica – que casou aos 14 anos e teve 14 filhos. Canabarro teve algumas amantes, mas era uma escrava (mulata alta, magra e simpática), Cândida, que cuidava dele (roupas, pertences pessoais, temperava seus alimentos e os provava), e o acompanhava nas missões militares.

Crédito: Arquivo/Reprodução

Foi sócio de seu tio Antônio Ferreira Canabarro, em terras e comércio: em 1834, adquiriram a primeira propriedade (Estância da Alegria), no atual município de Santana do Livramento, em 1846 compraram a sesmaria de São Gregório. Em 1847, separaram a sociedade, ficando Antônio Ferreira com a Estância da Alegria e David com a Estância São Gregório. De 1849 a 1858, David Canabarro com seu irmão, João Martins, adquirem outras áreas contíguas a Estância de São Gregório.

Foi combatente em várias batalhas representando e comandando as forças do Exército do Império Brasileiro e na Revolução Farroupilha, no lado dos republicanos, no desfecho deste último episódio, não há consenso se ele foi herói ou vilão.

Faleceu em 11 de abril de 1867, em Santana do Livramento, em razão de um ferimento no pé, ocorrido no mês anterior em sua fazenda, que evoluiu para uma infecção generalizada.

Em 13 de setembro de 2008, os restos mortais de David Canabarro foram transladados de Porto Alegre para Santana do Livramento e foram depositados em um mausoléu construído no terreno (área urbana) da Casa de David Canabarro, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Vida militar e política

Aos quinze anos ingressou no Exército Imperial do Brasil. Na carreira militar obteve as promoções: Cabo (1811); Tenente (1825); Tenente-Coronel (1835 ou 1836); Coronel (1837); e General (1841); e participou dos seguintes combates:

1ª Campanha Cisplatina (1811-1812) – conflito entre o Império Brasileiro e as Províncias Unidas do Rio da Prata que disputavam o território da Banda Oriental (como era conhecido o Uruguai), tendo a Colônia de Sacramento sido fundada pelos portugueses, em 1680, e tomada pelos espanhóis em 1777.

Guerra contra Artigas (1816-1820) ou Invasão Portuguesa de 1816 – ocorrida nas fronteiras entre Argentina, Uruguai e Brasil, que culminou na anexação da Banda Oriental ao Reino do Brasil, concluída na Batalha de Taquarembó, em 22 de janeiro de 1820, passando o território anexado a se chamar Província Cisplatina. José Artigas, era General combatente contra os espanhóis, portugueses e brasileiros.

Campanha de 1828, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828) – entre Brasil e Argentina, pela posse da Província de Cisplatina. Canabarro era Tenente e integrava as forças de Bento Gonçalves. O conflito finalizou com o tratado de paz e a independência do Uruguai (1828).

Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha (1835-1845) – iniciou no Rio Grande do Sul e se estendeu pelo sul brasileiro. Após o desligamento de Bento Gonçalves do comando das tropas, Canabarro assumiu a liderança do movimento republicano que, entre outros fatores, era contrário ao governo central brasileiro que cobrava altas taxas sobre produtos rio-grandenses (charque, erva-mate, couros, sebo, graxa, etc.), cobrança endurecida na década de 1830, sobre o charque gaúcho, preterido ao importado do Prata, e aumento da taxa de importação do sal, necessário para a fabricação do charque – fatores que desencadearam a guerra que durou 10 anos e a tentativa de separação do Brasil, pois queriam maior autonomia e o poder de escolha do Presidente da Província do Rio Grande.

As tropas revolucionárias avançaram para a Província de Santa Catarina e tentaram tomar Desterro/SC (atual cidade de Florianópolis), mas foram reprimidas pela pequena força militar de Francisco José de Sousa Soares de Andrea, e retrocederam à Laguna/SC, onde em 29 de julho de 1839, Giusepe Garibaldi e David Canabarro proclamaram a independência de Santa Catarina, criando o Estado Catharinense Livre e Independente, conhecida como a República Juliana (nome referência ao mês que ocorreu), sendo Laguna/SC sua Capital e Canabarro o Governador da República até 7 de agosto do mesmo ano – quando foi convocado um colégio eleitoral e realizadas as eleições que tornaram Presidente da República, Joaquim Xavier Neves (Tenente-Coronel da Guarda Nacional de São José), que não assumiu o cargo, impedido de chegar à Laguna/SC, em razão do bloqueio das forças imperiais. Quem tomou posse foi o Vice, Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, tio de Xavier Neves. A República Juliana durou pouco, encerrando-se em 15 de novembro de 1839.

Em 15 de novembro de 1841, após ataque violento, o Exército imperial exterminou as tropas farroupilhas, reconquistou Laguna e matou todos os chefes da Marinha rio-grandense, exceto Garibaldi e Canabarro. A guerra terminou com a assinatura do Tratado do Poncho Verde.

Guerra do Paraguai (1864-1870) – participou nos três primeiros anos do maior confronto da América Latina, resultado dos conflitos de interesse político, territorial e econômico na região da bacia platina, entre os aliados (Brasil, Uruguai e Argentina) contra o Paraguai, sendo que este último ficou arrasado pela guerra.

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