O cronista do Portal OCorreio, sociólogo Jeferson Selbach*, é autor de uma série especial sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Doutor em História e professor titular da Universidade Federal do Pampa, Selbach passou a integrar a equipe de colaboradores do Portal OCorreio com conteúdos dentro do “Reflexões Sociológicas” – o material pode ser conferido na página e demais plataformas do OC.
Jeferson Selbach / Crédito: Reprodução
Confira o conteúdo da série:
O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
No último dia 21 de fevereiro marcou os 80 anos da tomada do Monte Castelo pelos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, em 1945. Na série recém-lançada, o Sociólogo Jeferson Selbach detalha em dez episódios a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Inicia pela relutância do governo de Getúlio Vargas em tomar lado na guerra da Europa, visto que simpatizava com o fascismo italiano e era o maior parceiro comercial do terceiro Reich nazista em 1935. Os Estados Unidos almejavam fazer das Américas um grande bloco comercial e fortaleceu a política da boa vizinhança.
O segundo episódio mostra como a Alemanha foi isolada do comércio com os países sul-americanos, levando o Brasil a firmar parceria com os norte-americanos e romper com os nazistas.
Com o ataque da base naval norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, por aviões japoneses, os Estados Unidos entraram na guerra em 1941 e induziram os parceiros latino-americanos a tomar lado no conflito.
O Brasil oficializou o fim das relações diplomáticas e comerciais com Alemanha, Itália e Japão, o que gerou a imediata retaliação nazista através e afundamentos de navios brasileiros pelos submarinos alemães.
Os ataques provocaram indignação e revolta geral dos brasileiros, que protestaram nas ruas, com passeatas, comícios populares, ataques a empresas ligadas aos países do Eixo e descendentes de alemães e italianos.
A declaração de guerra foi feita no dia 31 de agosto de 1942.
O terceiro episódio apresenta a ponte para a vitória no Nordeste brasileiro, principalmente com a base naval e o campo aviação de Parnamirim em Natal, Rio Grande do Norte.
A cada cinco minutos um avião pousava ou decolava rumo ao teatro de operações no mediterrâneo ou para ações de caça aos submarinos inimigos no litoral brasileiro.
O quarto episódio traz a preparação civil para os tempos de guerra, com a intensificação da produção agrícola e industrial, o abastecimento do mercado interno e o controle dos preços, a atenuação da crise dos transportes internos e o combate à inflação.
Na selva amazônica foi travada a batalha da borracha, financiada pelos Estados Unidos, com milhares de trabalhadores vindos dos estados nordestinos para retirar o látex dos seringais.
Em todas as cidades foram incentivadas a construção de abrigos cobertos e trincheiras para proteger a população em caso de bombardeiro aéreo.
O quinto episódio apresenta as primeiras batalhas no Atlântico Sul e a formação da Força Expedicionária Brasileira que levaria pracinhas para a Itália.
A Marinha do Brasil criou a Força Naval composta pelos Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, pelas corvetas Carioca, Caravelas, Camaquã e Cabedelo, e os Caça-Submarinos Guaporé e Gurupi.
A Força Aérea Brasileira participou no teatro de operações do Atlântico Sul a partir de bases áreas no Rio de Janeiro e em Natal.
O Grupo de Aviação de Caça foi criado em 18 de dezembro de 1943, com o lema Senta a Púa.
A Força Expedicionária Brasileira foi organizada em três Divisões de Infantaria: o primeiro Regimento Sampaio no Rio de Janeiro, o sexto Regimento de Caçapava no interior de São Paulo e o décimo-primeiro Regimento de Infantaria na mineira São João Del Rey.
O sexto episódio traz a chegada dos expedicionários na Itália em agosto de 1944, quando foram incorporados ao 5º Exército dos Estados Unidos, com a missão de combater na Linha Gótica nos Montes Apeninos.
Ocuparam Camaiore, Monte Prana, Convalle, Castelnuovo di Garfagnana, Sommocolonia e Porretta Terme.
O sétimo episódio traz a tomada de Monte Castelo e a libertação de Montese, ocorrido em meio à neve do rigoroso inverno italiano.
No Monte Belvedere tombaram 158 soldados. Em Monte Castello foi a batalha com maior número de brasileiros tombados, somando 98. Em Montese morreram mais 34 soldados.
O oitavo episódio narra os ataques finais pelo Vale do Rio Pó e a rendição da 148ª divisão de infantaria alemã, dos italianos da Divisão Bersaglieri e Monterosa e dos Fuzileiros San Marco, somando mais de 14 mil soldados.
O nono episódio apresenta a participação da Força Aérea Brasileira nas batalhas nos céus italianos, que tinham por missão auxiliar as forças terrestres aliadas, isolar vias de comunicação ao longo do vale do rio Pó e destruir instalações militares e industriais no norte da Itália.
O Grupo de Caça Jambock havia adotado o símbolo do Senta a Pua, gíria que significava Manda a bala!
A maior atuação concentrada da Força Aérea Brasileira foi no dia 22 de abril, com 44 decolagens em 11 missões, destruindo mais de 100 alvos.
Um dos episódios mais extraordinários da participação da Força Aérea foi da façanha do piloto gaúcho Danilo Moura, natural de Cachoeira do Sul, abatido em fevereiro de 1945 e que retornou para sua base depois de mais de 30 dias trilhando o território inimigo.
O décimo episódio mostra o retorno dos combatentes e as homenagens que receberam no Brasil e na Itália.
Em que pese os desfiles das tropas e receptividade da população com os combatentes, logo surgiram narrativas populares de que a ida para a Itália havia sido um passeio e não uma verdadeira guerra.
Um capítulo extra apresenta 13 músicas gravadas no Brasil nos anos da guerra: A Canção do Expedicionário; Fim do Eixo; A guerra acaba amanhã; Vitória; Tedeschi, Portare Via; Cabo Laurindo; Carnaval da vitória; Deus que me dê saúde; Vitoria, vitória; Carnaval em Veneza; Samba da vitória; Paz; e Vitória final.
Assista no Youtube:
EPISÓDIO 1 – O BRASIL ENTRE A CRUZ GERMÂNICA E A ESPADA IANQUE
EPISÓDIO 2 – AFUNDAMENTO DE NAVIOS E A DECLARAÇÃO DE GUERRA
EPISÓDIO 3 – NATAL/RN COMO PONTE PARA A VITÓRIA NORTE-AMERICANA
EPISÓDIO 4 – PREPARAÇÃO CIVIL PARA A GUERRA
EPISÓDIO 5 – PRIMEIRAS BATALHAS E A FORMAÇÃO DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
EPISÓDIO 6 – A CHEGADA DOS PRACINHAS NA ITÁLIA E A LINHA GÓTICA
EPISÓDIO 7 – A TOMADA DO MONTE CASTELO E A LIBERTAÇÃO DE MONTESE
EPISÓDIO 8 – RUMO À VITÓRIA COM A RENDIÇÃO DOS INIMIGOS
EPISÓDIO 9 – A FORÇA AÉREA BRASILEIRA SENTA A PÚA!
EPISÓDIO 10 – A VOLTA PARA CASA E AS HOMENAGENS VINDOURAS
CAPÍTULO EXTRA – AS MÚSICAS DA GUERRA