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Crítica atinge Cachoeira: secretário do Ministério da Saúde questiona isolamento antes de casos confirmados no RS

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, levantou dúvidas sobre as medidas de isolamento social adotadas no Rio Grande do Sul em entrevista coletiva no fim da tarde deste sábado (4). Para o secretário, fechar cidades ou municípios que não contabilizam nenhum caso do novo Coronavírus pode ser “uma medida excessiva”. Na opinião de Gabbardo, que foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul no governo José Ivo Sartori (MDB), a medida pode ter sido adotada “antes da hora”. “Todos os municípios do Rio Grande do Sul estão fechados. Aqueles que têm casos e aqueles que não têm casos. Eu não vou criticar, mas devíamos pensar bem. Quando abrir, as pessoas vão ter contato com o vírus. O que precisa é ter tempo para que, quando a pessoa tenha contato com o vírus, nós estejamos preparados pra isso”, afirmou Gabbardo. A crítica atinge Cachoeira do Sul. Pode determinação antecipada do prefeito até mesmo em relação ao decreto estadual, o Município adotou a medida sob justificativa de enfrentamento contra a pandemia.

A compreensão do secretário é de que é impossível manter um isolamento “para sempre”. Assim, quando houver um afrouxamento das medidas de restrição de circulação, a população, invariavelmente, estrará em contato com o coronavírus. A preocupação dele é que, caso isso ocorra mais para a frente, coincida com o pico de casos de Influenza (a gripe comum) no Estado, o que geralmente acontece nos meses de mais frio, fazendo com que o sistema de saúde não consiga dar conta do atendimento.

Para ele, é necessário avaliar bem a adoção das mesmas medidas em todos os municípios, tendo ou não registros de contaminação. As decisões de abrir e fechar os municípios precisarão ser “calibradas”, segundo secretário, para que os serviços de saúde tenham condições de atender a população. “Acho que merece uma discussão. Pode ser que tenha sido um pouco antes da hora”, destacou.

Decreto de calamidade pública do governador Eduardo Leite, publicado em 19 de março, estabelece as medidas adotadas em todo o Estado na tentativa de conter a epidemia. Entre elas está a proibição do transporte interestadual e a restrição para o transporte intermunicipal em 50% da capacidade dos ônibus. O decreto ainda determina que passageiros só podem viajar sentados no transporte coletivo.

O decreto impõe também restrições ao comércio, incluindo limite para a compra de itens essenciais e proíbe a prática de preços abusivos. Nos shoppings centers, todo o comércio não essencial foi fechado, com exceção de restaurantes, farmácias, supermercados, clínicas e agências bancárias. Além disso, o setor de comércio e indústria foi orientado a estabelecer planos de revezamento e alteração de jornadas para reduzir a exposição e o fluxo de trabalhadores.

Além disso, as aulas presenciais na rede estadual de ensino e em universidades e instituições publicas e privadas estão suspensas até o final de abril.

Cachoeira do Sul tem dois casos confirmados até o momento. São dois homens, de 58 anos e 84 anos. O primeiro está em recuperação no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre. O outro, segue internado em isolamento no Hospital de Caridade e Beneficência (HCB).

 

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