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COVID-19: até começo de maio, demissões afetarão 40% das empresas cachoeirenses

Foto: EBC

A Prefeitura de Cachoeira do Sul concluiu, na tarde desta terça-feira (7), a redação do Decreto nº 31/2020 que adota medidas complementares para enfrentamento da emergência contra o novo Coronavírus (COVID-19). Os principais pontos do novo decreto estabelecem quais estabelecimentos podem funcionar na modalidade “take-away”; as vendas na modalidade tele-entrega; o funcionamento das óticas e de salões de beleza e barbearia e as lotéricas, além da proibição do comércio simultâneo de materiais de construção e outros produtos e definição de normas para a Administração Pública.

O novo decreto pautou a retomada da discussão sobre o isolamento social na cidade, que impacta diretamente ainda no funcionamento do comércio local. O Sindicato dos Comerciários não conseguem formular uma projeção oficial em números sobre os reflexos da medida, especialmente sobre o total de demissões. Conforme o presidente da entidade, Jeferson Calegari, com a reforma trabalhista, as rescisões não passam mais pelo sindicato, prejudicando um monitoramento mais fiel ao cenário. “O momento é de preocupação. Já ocorrem demissões, mas tem como termos uma ideia”, salientou.

O representante de um grupo de pequenos empresários de Cachoeira do Sul, Cláudio Oliveira (proprietário da Casa da Hidráulica, na Rua Bento Gonçalves, 501), segue o debate sobre a situação com outros empreendedores. De acordo com as projeções, cerca de 40% das empresas já terão feito demissões entre abril e maio por consequência da queda de faturamento. “Mesmo as lojas que estão abertas enfrentam problemas. Caiu muito”, lamentou. “As empresas estão aprendendo a trabalhar com 50% dos seus funcionários. Muitas estão em período de férias. Quando voltarem das férias, as demissões vão acontecer”, projetou com base nas discussões já realizadas com os demais integrantes do grupo, com cerca de 15 empresários.

O proprietário do Mundo Real (Rua Júlio de Castilhos, 517), Luciano Baratto, também avalia o atual cenário e tenta projetar o impacto para o comércio cachoeirense. “Estamos nos adaptando conforme os decretos com equipes reduzidas e procurando atender as demandas dos clientes. Esse cenário nos preocupa com relação à nossa equipe e fornecedores”, comentou. “Esperamos o bom senso de nossas autoridades para equilibrar os interesses da saúde e do comércio”, acrescentou.

A situação é pauta constante na Câmara do Agronegócio, Comércio e Serviços de Cachoeira do Sul (Cacisc). As lideranças empresariais encaminharam um documento ao prefeito Sergio Ghignatti com receio sobre as possíveis consequências em manter os negócios fechados por mais tempo. O presidente da Cacisc, Fábio Silva, ressaltou a importância da retomada responsável a partir do começo do mês.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Cachoeira também divulgou nota a respeito do cenário provocado pela restrição. “Não teremos nenhum resultado em dirigir nossa indignação às autoridades públicas que, com poucas evidências científicas disponíveis, precisam tomar decisões no sentido da proteção à vida, prioridade que deve ser compartilhada por todos”, enfatizou o presidente da entidade, Luís Renato Herzog.

De acordo com o vice-presidente da Associação de Micro e Pequenas Empresas de Cachoeira do Sul (AME), André Fortes, a entidade também não te dados oficiais sobre o panorama atual, mas admitiu que as consequências já são sentidas. “A grande maioria dos MEIs está sem trabalhar. Até os MEIs, prestadores de serviços, estão com dificuldades. As pessoas não estão contratando e também interrompendo os serviços para não ter contato. É uma situação muito difícil”, definiu. “A incerteza financeira de quem trabalha por conta é muito grande. Também tem o fator dos funcionários concursados que, com a diminuição da arrecadação, o atrasado nos salários poderá ficar pior do que já estava”, alertou Fortes.

Embora os números oficiais não possam ser planilhados com fidelidade, a discussão nos bastidores empresariais de Cachoeira já indicam estabelecimentos que demitiram e outros que fecharam suas portas. Os segmentos atingidos variam do ramo de construção até o moveleiro, passando pelo industrial e comércio em geral.

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