O sinal de alerta com os casos do coronavírus pelo mundo começaram após as primeiras vítimas na cidade de Wuhan, na China. Os cuidados redobrados atingem cruzeiros marítimos com pessoas que poderiam ter o vírus. A rede formada pela Associação de Portais de Notícias Independentes do Interior do Rio Grande do Sul (APNI/RS) localizou a funcionária de uma companhia responsável por um transatlântico que passa por quarentena por mais duas semanas. Fernanda Nunez é santanense e foi entrevistada pelo Portal Sentinela 24h. O conteúdo foi compartilhado pelos demais portais integrantes da APNI/RS.
Acompanhe a entrevista com Fernanda sobre detalhes da vida em alto mar após o surto de coronavírus:
Como foi a rotina de vocês após o surgimento do vírus?
A verdade é que a preocupação da Organização Mundial da Saúde é que essa doença acabe se espalhando para algum país que não tenha os recursos para combater. Nós operamos um cruzeiro na Ásia com base na China. Ou seja, nossos passageiros são na maioria chineses. Desde o dia 26 de janeiro, a empresa enviou um comunicado de cancelamento dos próximos cruzeiros e quarentena.
Como foi o processo de exames e controle do vírus com passageiros e tripulação?
O desembarque dos passageiros nesse dia durou 16 horas. Todos foram examinados nas cabines, tiraram temperatura, etc. Todos os exames foram para o laboratório, voltaram e, por sorte, nenhum dos passageiros no nosso navio deu positivo para coronavírus. E desde então, estamos em quarentena. A grande maioria dos países asiáticos adotou várias restrições para cruzeiros que operam na China. Taiwan, por exemplo, não deixa nenhum navio que veio da China docar por 14 dias. Até dia 3, ainda estávamos docados no porto de Shanghai, na China. Saímos de lá e viemos para Coreia do Sul, onde as autoridades não nos autorizaram a sair do navio e nem docar no porto. Estamos a alguns quilômetros do porto, ancorados no meio do mar.
Por qual motivo vocês seguiram em quarentena, mesmo depois dos exames dando negativos?
O tempo de quarentena é de pelo menos 14 dias. Ou seja, nós fomos examinados pelas autoridades coreanas, ninguém apresentou nenhum possível sintoma do coronavírus, mas qualquer sintoma pode se manifestar em até 14 dias. A a companhia optou ir para o Japão.
Você presenciou algum preconceito de pessoas de outras nacionalidades com os chineses?
Nós entendemos que estamos nessa situação por restrições portuárias por parte dos países asiáticos que querem evitar o risco de contaminação. Eu tenho um namorado chinês. Sou a pior pessoa para falar isso. Mas a gente sabe que não é culpa deles. Não é nada genético. Talvez seja a estupidez das pessoas tratam eles mal por serem chineses. Mas de verdade, o pessoal a bordo tem sido bem família e isso é incrível. Esses dias aqui sem poder descer do navio podem ser bem tensos.
Como está o contato com a família?
Desde que foi decidida a quarentena e parar as operações com passageiros, o presidente da Costa Ásia nos forneceu internet gratuita. Consigo conversar com meus pais, avós e amigos todos os dias. Eu expliquei a situação. Nunca menti. O negócio é se cuidar e manter a calma. A gente entende que é uma situação de risco, mas estamos aqui em mais de 93 diferentes nacionalidades e a companhia já tomou as medidas necessárias para ficarmos seguros. Enquanto não temos passageiros, nós fizemos limpeza profunda do navio com os devidos produtos para desinfetar tudo. Todo cuidado é pouco e é melhor prevenir do que remediar. Estamos promovendo atividades diárias entre os membros da tripulação.
O Brasil permanece sem registro do novo coronavírus. O Ministério da Saúde atualizou nesta segunda-feira (10) as informações repassadas pelas secretarias estaduais de Saúde sobre a situação dos casos suspeitos no Brasil. O número reduziu em quatro casos em relação ao informe anterior. Agora, 7 notificações se enquadram na atual definição de caso suspeito para nCoV-2019: Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), São Paulo (3), Paraná (1) e Rio Grande do Sul (1).
Os casos descartados para investigação de possível relação com a infecção humana pelo novo coronavírus aumentaram para 32, quatro a mais do que o boletim anterior. Todas as notificações foram recebidas, avaliadas e discutidas com especialistas do Ministério da Saúde, caso a caso, junto com as autoridades de saúde dos estados e municípios. Esses descartes aconteceram principalmente por causa do resultado positivo para outros vírus respiratórios.
Para manter a população informada a respeito do novo coronavírus, o Ministério da Saúde atualiza diariamente, os dados na Plataforma IVIS, com números de casos descartados e suspeitos, além das definições desses casos e eventuais mudanças que ocorrerem em relação a situação epidemiológica.
APNI/RS
A entidade foi fundada no dia 12 de janeiro de 2019 em Cachoeira do Sul, com a presidência de um dos diretores do Portal OCorreio, José Renato Ribeiro.
A APNI/RS integra em torno de 30 portais e atinge mais de 8 milhões de pessoas, levando informação a todo o Estado.