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Ciclo de leilões de arroz da Conab em 2024 encerra fracassado

Leilões de arroz promovidos pela Conab encerraram o ano com baixa adesão do setor produtivo / Foto: Divulgação

Leilões de arroz promovidos pela Conab encerraram o ano com baixa adesão do setor produtivo / Foto: Divulgação

Com a realização de uma nova rodada de leilões nesta semana, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) concluiu o ciclo de negociações de arroz em 2024 com resultados aquém do esperado. Apenas 20% das 500 mil toneladas de cereal previstas para aquisição foram efetivamente comercializadas ao longo do ano.

Apesar da iniciativa do governo federal, que destinou R$ 1 bilhão para a compra do produto nacional, as 18 operações em dezembro tiveram baixa participação de produtores e cooperativas. Até o momento, não há indicação de continuidade da medida em 2025.

Os leilões tiveram maior adesão no Rio Grande do Sul, que concentrou 63,75% das transações. O Mato Grosso foi o segundo estado com maior volume negociado, respondendo por 31,54% dos lotes arrematados. Outras regiões incluídas no programa, como Minas Gerais, Santa Catarina e Maranhão, registraram desempenho pouco expressivo.

O contexto das medidas de socorro aos arrozeiros

A medida foi lançada com o objetivo de fortalecer a produção nacional de arroz, particularmente no Rio Grande do Sul, principal polo produtor do Brasil e responsável por 70% da oferta nacional. A iniciativa também buscava estimular a diversificação produtiva em outras regiões e reduzir a dependência do arroz gaúcho.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) criticou as medidas de socorro do governo federal, considerando que atendem “a uma ínfima parcela de produtores, especialmente aqueles com logística extremamente favorável”. A entidade avalia que o formato da ação, baseado no Contrato de Opção de Venda, não foi suficiente para atender às necessidades do setor. Esse contrato oferece ao produtor ou cooperativa o direito de vender o cereal ao governo, em data futura, por um preço fixado, funcionando como um seguro de preços.

As compras foram destinadas a estados como Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, com foco na agricultura familiar. Já em regiões como Maranhão e Mato Grosso, todos os produtores podiam participar, independentemente do porte.

Análise setorial

O desempenho dos leilões de arroz da Conab em 2024 reflete desafios estruturais do setor. Apesar de o governo federal ter alocado recursos significativos, a baixa participação evidencia a desconexão entre a iniciativa e as necessidades dos produtores. Problemas logísticos, dificuldades de acesso à informação e um modelo de contrato que não atraiu o setor produtivo foram determinantes para o resultado.

Além disso, desafios regionais, como falta de infraestrutura e menor competitividade de estados como Maranhão e Tocantins, foram obstáculos para que as medidas do governo vingassem. O avanço do arroz importado também impactou a confiança dos produtores no programa.

Para o próximo ano, especialistas sugerem uma reformulação do modelo, incluindo incentivos mais atrativos e maior integração com a cadeia produtiva. Sem essas mudanças, o setor corre o risco de enfrentar mais um ano de baixo desempenho e consequências negativas para a produção nacional de arroz.

Os prazos dos contratos

  • Para Minas Gerais e Paraná os contratos terão vencimento em 30 de julho de 2025
  • Já para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o vencimento será em 30 de agosto do ano que vem
  • Para Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins, os contratos vencem em 30 de outubro de 2025

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