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Cargill e Granol: o que se sabe sobre a negociação

Granol Cachoeira do Sul: complexo industrial entra no rol de ativos em negociação com a multinacional Cargill / Foto: Divulgação

Granol Cachoeira do Sul: complexo industrial entra no rol de ativos em negociação com a multinacional Cargill / Foto: Divulgação

A Cargill, multinacional do setor de grãos, abriu uma oferta de compra de ativos da Granol. Em nota divulgada nesta segunda-feira (21), a trading de grãos confirmou que estão no pacote de negociação das unidades da Granol em Cachoeira do Sul, Anápolis (GO) e Porto Nacional (TO). Valores e demais termos das negociações não são revelados.

No entanto, a efetivação da compra deverá passar pelo crivo do Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade), autarquia federal responsável por zelar pela livre concorrência no mercado.  Em nota pela qual confirmou a oferta, a multinacional escreveu que “a intenção de compra está em linha com a estratégia de crescimento da Cargill no Brasil e na América Latina”.

NEGOCIAÇÕES ENTRE CARGILL E GRANOL COMEÇARAM HÁ CINCO ANOS

As negociações entre a Cargill e a Granol não são novas. As duas empresas começaram as tratativas de compra e venda de unidades de esmagamento de soja e produção de biodiesel em 2018. Nesses cinco anos, a unidade de Cachoeira do Sul sempre esteve de fora das negociações. As ofertas giravam em torno das unidades de Anápolis e Porto Nacional, precificadas pela Granol em R$ 400 milhões, o que teria feito com que as negociações não avançassem porque o valor pedido pela empresa paulista estariam em patamar elevado em relação ao mercado.

Desta vez, a unidade da Granol em Cachoeira do Sul foi incorporada aos ativos colocados à venda. Em nota, a Granol limitou-se a informar que, na última sexta-feira (18), “a Cargill submeteu ao Cade uma oferta vinculante de compra das fábricas de Anápolis (GO), Porto Nacional (TO) e Cachoeira do Sul (RS), além de quatro armazéns nos estados de Goiás e Tocantins. As unidades em questão seguirão operando normalmente, assim como as demais unidades da Granol”, encerrou o comunicado.

Um executivo da Granol ouvido por uma revista especializada em biodiesel teria dito que a expectativa é de que a venda seja aprovada pelo Cade e que todo o processo de negociação seja concluído até o final do ano. Segundo esse executivo, as usinas não irão parar de produzir biodiesel quando a transferência para a Cargill estiver sendo feita e a multinacional deverá incorporar a maior parte dos atuais funcionários dos três complexos industriais.

 

AS UNIDADES DA GRANOL EM NEGOCIAÇÃO COM A CARGILL

Granol Cachoeira do Sul (RS)

CACHOEIRA DO SUL (RS)

Os investimentos da Granol em Cachoeira do Sul desde quando a unidade foi comprada da antiga Centralsul, em 2005, são estimados em cerca de R$ 450 milhões. A planta fica às margens do Rio Jacuí, na Volta da Charqueada. A capacidade de industrialização diária da unidade é de 2 mil toneladas de soja, além de 933 metros cúbicos de biodiesel e de 100 toneladas de glicerina bidestilada grau fármaco. Atualmente, o complexo industrial emprega cerca de 350 funcionários.

Situada a 350 quilômetros do porto de Rio Grande, tem a logística como um dos atrativos para a Cargill no processo de compra, além de estar situada no distrito industrial do porto de Cachoeira do Sul, atualmente desativado, mas com potencial de ser colocado em operação para escoamento da produção pelo Rio Jacuí até a Lagoa dos Patos e o porto de Rio Grande.

 

Granol Anápolis (GO)

ANÁPOLIS (GO)

A planta de Anápolis possui um terminal de carregamento direto da produção, instalado na Ferrovia Norte Sul (a Granol é a primeira empresa a operar em todo o tramo central desta linha, transportando farelo de Anápolis-GO até o Porto de Itaqui/São Luis – MA, maior trecho ferroviário do país, numa iniciativa pioneira que representou um grande marco para a Granol e para o Brasil).

Também dentro desta instalação fabril há um terminal de carregamento interligado à Ferrovia Centro Atlântica, numa rota de escoamento para exportação do farelo até sua unidade portuária em Vitória/ES. As unidades industriais de São Paulo beneficiam-se do transporte intermodal (rodovia-hidrovia-ferrovia) para reduzir custo de escoamento do farelo pelo Porto de Paranaguá/PR e de Santos-SP.

 

Granol Porto Nacional (TO)

PORTO NACIONAL (TO)

A unidade de Porto Nacional/TO opera um transbordo interligado à Ferrovia Norte Sul (a mais moderna e eficiente do país), que permite a esta planta de esmagamento reduzir custos de movimentação do farelo para os portos do Norte, os quais têm uma posição estratégica, localizados próximos aos mercados da Europa, América do Norte e Canal do Panamá, que facilita o acesso ao mercado asiático.

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