O Movimento Vozes do Silêncio lançou neste sábado (29), véspera do Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimento Forçado, a campanha “Quem é essa mulher?”. Para marcar a data, foi transmitido um vídeo em que um grupo canta a música Angélica, de Chico Buarque e Miltinho, feita em homenagem à estilista Zuzu Angel. Entre os participantes da obra audiovisual estão familiares de Zuzu e de outras vítimas desse tipo de crime, cujo debate, o movimento pretende fomentar. A iniciativa conta com o apoio do Instituto Vladimir Herzog.
A publicitária Sônia Maria Haas, irmã de João Carlos Haas Sobrinho, médico morto durante a chamada Guerrilha do Araguaia, afirmou que o vídeo, co-dirigido por ela, “tem uma mensagem muito clara”. “Já era prevista uma manifestação na rua, mas agora temos que fazer as manifestações virtuais. Porém, não poderíamos deixar em branco. Nós tínhamos que ter uma mensagem muito clara, porque o momento exige. Uma mensagem clara, de coração, que tocasse as pessoas e que fosse educativa, porque precisamos deixar as novas gerações informadas, engajar nessa luta, porque sabemos que essa luta é longa”, disse. “É dura a caminhada, é árdua, é solitária.”
De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), 434 pessoas desapareceram ou foram mortas no Brasil, entre 1946 e 1988. A comissão permaneceu ativa de maio de 2012 a dezembro de 2014.
O ator e apresentador de rádio e TV Odilon Camargo diz que a imprensa tem se furtado ao dever de denunciar as violações de direitos humanos que ocorrem no país. “Rádio e televisão nada têm de inocentes no processo da ditadura, de desaparecidos, de mentira que está no ar, no Brasil. Têm muita responsabilidade”, argumenta.
Para o diretor administrativo do Núcleo de Preservação da Memória Política, Maurice Politi, há grande importância em se nomear os fatos como são e atribuir sentido ao que é celebrado no dia 30 de agosto. “O que acho importante é considerar o dia 30 de agosto seja um dia lembrado como um dia em que pessoas que lutaram a favor de uma democracia, de maior igualdade, maior justiça social para o país”, ressalta.
Politi destaca, ainda, que as famílias de cerca de 60 pessoas que lutaram na Guerrilha do Araguaia não localizaram os corpos, até hoje, “É por isso que as famílias fizeram esse vídeo. Nossa luta é para que não aconteça mais.”