Calçadão da Rua Sete

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Calçadão da Rua Sete
CACAU MORAES
28 de julho de 2022 - cacauzinho

 

No final dos anos 80 e início dos 90, dois governos municipais de Cachoeira do Sul queriam implantar um calçadão na Rua Sete de Setembro na quadra compreendida entre as ruas Andrade Neves e Milan Krás. A ideia era humanizar o centro da cidade e concentrar a movimentação na frente da Praça José Bonifácio e levar mais consumidores às lojas estabelecidas na área. O calçadão mobilizou a administração de dois prefeitos: o do então prefeito Acido Witeck e o seu sucessor, Ivo Garske. 

Witeck queria mudar a imagem da cidade. O projeto do calçadão coube à Secretaria de Indústria e Comércio. Um pré-projeto foi elaborado depois que uma equipe técnica visitou cidades onde tinham sido implantados calçadões. Este projeto previa alargamento da calçada de um dos lados da Rua Sete. Seria a que ficava em frente dos estabelecimentos comerciais. Nele estavam previstos bancos, cabines telefônicas (só tínhamos orelhões), lixeiras, área de lazer para um chimarrão, bate-papo e, claro, uma iluminação decente, além de livre trânsito para pedestres. 

No outro lado da Rua Sete, área frontal à Praça Bonifácio, os veículos poderiam passar por ali, mas seriam criados espaços de estacionamento para a área da segurança, ambulâncias e para embarque e desembarque de pessoas. O objetivo era proporcionar tranquilidade e agilidade ao público no calçadão. Só que teve um detalhe: o governo Witeck não conseguiu implantar o calçadão, porque precisaria de um tempo considerável de obra e, além disso, também não conseguiu a continuidade do seu partido, o MDB, na Prefeitura. 

O seu sucessor, o então prefeito Ivo Garske, abraçou a ideia do calçadão, mas de um modo diferente. Logo que assumiu na Prefeitura, reuniu os titulares das secretarias de Obras e Indústria e Comércio e determinou que era para implantar um calçadão na Rua Sete. Uma grande placa anunciando a obra para a cidade foi colocada no cruzamento das ruas Andrade Neves e Sete de Setembro. Teve até um ato público para o lançamento da obra. Uma festa. 

A proposta era o contrário do projeto do ex-prefeito Witeck. A administração de Ivo Garske queria deixar livre o trânsito na frente das lojas e implantar o calçadão em frente à Praça José Bonifácio. Na ânsia de mostrar agilidade, neste local, foram colocados cavaletes para impedir a passagem de veículos e tubos de concreto – isto mesmo – com folhagens numa simulação de vasos, foram distribuídos na Rua Sete. 

Ficou nisto. Com o passar do tempo, o calçadão foi esquecido e aí os tubos e os cavaletes mais a placa que anunciava a obra foram retirados. Tudo voltou ao normal na Rua Sete. Ninguém mais falou em calçadão no centro de Cachoeira do Sul. 

O interessante é que após tantos anos a Rua Sete continua a mesma. Um trânsito caótico, calçadas esburacadas, um canteiro central sem um ajardinamento adequado e a área frontal da Praça Bonifácio entre as ruas Sílvío Scopel e Milan Krás, em abandono. Bancos sem pintura e nos dias de chuvarada, o barro está por todo o lado. 

O calçadão mudaria o cartão postal da cidade? Talvez, mas com um projeto técnico e moderno com o apoio de empresas e instituições. Hoje o que se vê é a falta de atenção para esta importante área de grande circulação de pessoas e de veículos. Na real, o trecho da Rua Sete entre as ruas Andrade Neves e Milan Krás continua o mesmo e não se vê perspectivas de mudança. Sem falar, na Praça José Bonifácio,  uma referência histórica, que está sem o devido cuidado.