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Quem é o cachoeirense suspeito de liderar ritual com morte de mulher

Cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, o Chico, é apontado como pivô de um caso que envolve ritual macabro, espancamento e morte de mulher em Formigueiro (RS) / Foto: Reprodução

Cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, o Chico, é apontado como pivô de um caso que envolve ritual macabro, espancamento e morte de mulher em Formigueiro (RS) / Foto: Reprodução

Sessões de espancamento com doses de crueldade e tortura e um cachoeirense apontado como o pivô de tudo isso. Assim pode ser resumida a forma como Zilda Corrêa Bittencourt, 57 anos, fora assassinada em meio a um ritual que teve de tudo no que se refere à violência: golpes com varas verdes, socos, tapas e até pisões na cabeça enquanto a vítima era mantida amarrada a uma cruz no cemitério da Colônia Antão Faria, no interior do município de Formigueiro.

Entre os envolvidos no ato de crueldade que culminou na morte da mulher num ritual religioso que começou na noite de sexta-feira e (9) e se estendeu até a madrugada de sábado (10) está o cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, o Chico, de 65 anos. Ele é apontado como o “pai-de-santo” responsável pelo funcionamento do local que seria um centro religioso no interior do cemitério onde aconteceu o ritual macabro. (Continua abaixo das publicidades)

O cachoeirense está entre os quatro presos sob suspeita de envolvimento no caso. Preso no domingo (11) numa casa na localidade de Passo do Maia, no interior de Formigueiro, Chico está recolhido ao Presídio Regional de São Sepé.

MAS AFINAL, QUEM É O CACHOEIRENSE FRANCISCO DA ROSA GUEDES, O CHICO, PRESO SOB SUSPEITA DE PARTICIPAR DE RITUAL COM MORTE DE MULHER EM FORMIGUEIRO?

Discreto, de poucos amigos e descrito por conhecidos como um “sujeito estranho”, o cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, o Chico, é desses indivíduos que, de fato, sempre teve um estilo de vida diferente do que se conhece por convencional. Nos anos 1980, integrou um grupo de jovens numa igreja católica da Diocese de Cachoeira do Sul, onde colegas descobriram que ele havia sido seminarista. Do seminário, o cachoeirense teria sido afastado por suposto envolvimento afetivo com outros integrantes, o que não era permitido pela direção da instituição.

Anos mais tarde, abriu uma oficina mecânica nas proximidades do Cemitério Municipal de Cachoeira do Sul. Ao longo da vida, o cachoeirense também trabalhou num circo, viajando para diversas regiões do país. Durante um período, chegou a morar na Rua Moron, no centro de Cachoeira do Sul.

Na primeira década dos anos 2000, passou a dormir num ônibus velho, acampado no Bairro Quinta da Boa Vista, onde também mantinha uma oficina mecânica num cenário composto por carros velhos e sucatas.

Tal situação até chamava a atenção da vizinhança pelo estilo de vida do homem, que solitariamente vivia de um modo um tanto quanto excêntrico, sem casa, tendo como teto apenas aquele velho ônibus. Por vários anos, Chico viveu assim até deixar a zona norte de Cachoeira do Sul, onde até hoje vivem alguns familiares.

As informações que vieram à tona durante o final de semana, dando conta de que o cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, o Chico, havia se tornado um líder religioso sob suspeita de envolvimento num ritual macabro que culminou com a morte de uma mulher causaram surpresa e espanto em amigos e conhecidos. “Eu, mesmo, nunca imaginei que ele pudesse ser ‘pai-de-santo’”, exclamou um conhecido do cachoeirense, que pediu para não ser identificado.

Por muitos anos, o cachoeirense Francisco da Rosa Guedes morou num ônibus no Bairro Quinta da Boa Vista / Foto: Reprodução/Arquivo

O CASO DA MULHER MORTA EM RITUAL EM FORMIGUEIRO

Quatro pessoas estão presas pelo assassinato de Zilda Corrêa Bittencourt no último fim de semana no município de Formigueiro. Além do cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, o Chico, 65 anos, estão presos os irmãos Nayana Rodrigues Brum, 33 anos, e Larry Chaves Brum, 23, e o pai deles, Jubal dos Santos Brum, 67 anos. Todos seriam integrantes do centro religioso onde aconteceu o ritual macabro e que funciona no cemitério da Colônia Antão Faria, no interior de Formigueiro.

O marido e o filho de Zilda relataram à polícia que a mulher acreditava estar possuída por um espírito e que teria buscado o local para se submeter a um ritual que, a grosso modo, acreditavam ser algo semelhante a um exorcismo. A vítima era moradora de Restinga Seca, a cerca de 30 quilômetros de Formigueiro. A família viajou até a cidade para que Zilda participasse da sessão.

Segundo a Polícia Civil, os quatro presos teriam participado do ritual e das agressões. Na sexta-feira pela manhã, o cachoeirense Francisco da Rosa Guedes, tido como líder do centro religioso, e o outro investigado – pai dos irmãos presos na madrugada de sábado – teriam realizado um primeiro trabalho espiritual para Zilda e orientado a mulher a retornar no fim da tarde. A vítima voltou ao centro religioso para se submeter ao trabalho espiritual.

Durante o suposto ritual, Zilda teria ido duas vezes ao cemitério naquela noite. Na primeira vez, teria sido inicialmente agredida e depois levada ao cemitério para dar sequência ao ritual.  Na sequência, todos teriam retornado ao centro religioso, onde a mulher teria sido espancada novamente. Mais tarde, regressaram ao cemitério, onde, segundo a polícia, a mulher foi amarrada numa cruz. Nesse local, após ser brutalmente agredida, teria perdido a consciência. Foi então levada para o hospital, onde foi constatado que já estava sem vida.

Na casa de saúde, a equipe médica constatou que a vítima apresentava diversas lesões de violência física. A causa da morte, no entanto, ainda será apontada pelo laudo de necropsia do Instituto-Geral de Perícias (IGP). As agressões foram relatadas também pelos familiares de Zilda, que confirmaram que ela chegou a gritar durante o espancamento.

O marido e o filho da vítima, que acompanharam a sessão, afirmaram que os envolvidos no ato alegaram que as agressões faziam parte do ritual para retirar a entidade maligna do corpo da vítima, e que as marcas desapareceriam assim que fosse finalizado o ato. Eles teriam acreditado, segundo esse relato, que as agressões seriam contra o espírito e não contra a mulher.

Ao menos por enquanto, a Polícia trata o marido e o filho da mulher como testemunhas. No entanto, a conduta deles é apurada pela investigação. Já os presos são investigados por homicídio e possível tortura.

O corpo de Zilda foi sepultado no último fim de semana no Cemitério do Bom Retiro, na área rural de Restinga Seca.

Caso do ritual macabro ocorrido em cemitério de Formigueiro é investigado pela Polícia Civil / Foto: PC

O QUE DIZEM AS DEFESAS DE JUBAL DOS SANTOS BRUM, NAYANA RODRIGUES BRUM E LARRY CHAVES BRUM:

“É com profunda seriedade e comprometimento com a justiça que vimos a público comunicar nossa posição em relação ao recente caso envolvendo nossos clientes. Após diligente análise e escuta atenta dos relatos dos envolvidos, decidimos, de maneira consciente, assumir a defesa de apenas três dos quatro indiciados, Jubal dos Santos Brum, Nayana Rodrigues Brum e Larry Chaves Brum. Nossa escolha recai sobre aqueles em quem depositamos nossa confiança na inocência diante das circunstâncias apresentadas.

Cumpre ressaltar que, dada a fase inicial das investigações, reconhecemos a possibilidade da existência de outros envolvidos a serem indiciados no curso do processo. Reiteramos, de forma inabalável, o compromisso de nossos clientes em colaborar plenamente com as autoridades judiciárias. Estamos unidas em prol da transparência e imparcialidade do processo legal, na busca incansável pela verdade e pela justiça.”

A defesa do cachoeirense investigado Francisco da Rosa Guedes, o Chico, ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.

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