A Defesa Civil de Cachoeira do Sul tem um estudo que aponta a existência de 5.284 pessoas residentes em área de risco o que corresponde a 1.321 moradias, conforme o coordenador municipal, Edson Júnior. A maioria das estão localizadas na beira de sangas, arroios e também há casos na área central.
O mapeamento da Defesa Civil foi realizado pelo fato do município estar incluído na lista das cidades com maior recorrência de eventos adversos, reconhecido pelo Ministério de Minas e Energia, Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral.
Com a chuva desta semana, onde foram registrados alagamentos, aumentou a preocupação e, por isto, uma reunião na Prefeitura na próxima terça-feira (2) vai definir um cronograma de ação para atualizar as informações sobre locais passíveis de deslizamentos e também prestar orientações às famílias.
Os locais mapeados pela Defesa Civil estão localizados nos bairros Santo Antônio, Ponche Verde, Tibiriçá, Cristo Rei, Bom Retiro, Barcelos, Marina, Marques Ribeiro, Carvalho e Noêmia. Uma das regiões que mais preocupa está situada às margens do Arroio Amorim, onde numa área chamada de Ilha do Amor, há risco de desabamento de casas e onde residem cerca de 10 famílias.
Outro local que também está em constante observação é o Beco dos Trilhos, no Bairro Santo Antônio, onde na área onde antigamente passava a rede férrea, as casas abaixo do nível das ruas laterais. Isto significa exposição às enxurradas.
ATENÇÃO
As últimas chuvas também expuseram mais uma inundação, que culminou com a invasão da água no interior da Escola Estadual Bairro Carvalho, proximidades da Fenarroz. Além disso, a Rua Sete de Setembro no centro é outro local que basta chover para ficar com alagamentos. Foi o que aconteceu na última terça-feira (26) no início da noite e há algum tempo os lojistas da área pedem providências por parte da Prefeitura.
NA ILHA DO AMOR
Um grupo de dez famílias que mora às margens do Arroio Amorim, no Bairro Bom Retiro, convive com a erosão batendo à porte de suas moradias todos os dias. A comunidade da Ilha do Amor, como é chamada, se desespera a cada chuva porque sabe que a força da enxurrada – que estás prestes a mudar o curso do Amorim – causa estragos e leva por diante entulho e um monte de lixo. O drama das famílias se estende há mais de 15 anos.
A travessia para as moradias é feita sob uma passarela com algumas tábuas. Homens, mulheres e crianças se arriscam para chegar em suas casas porque correm o risco de cair de um barranco de quase cinco metros de altura. Quando surgiram as primeiras casinhas, o contexto era outro, mas com o passar do tempo o local ficou perigoso tanto que algumas famílias já abandonaram a Ilha do Amor.
A maioria das casas foi construída em uma área de risco e, como não houve, fiscalização o perigo é constante. A inundação do Amorim já carregou postes de iluminação, canalização de água e deixou um amontoado de pneus, madeira, plástico e muita sujeira.
A Ilha do Amor é uma área situada entre o Bairro Bom Retiro e o Loteamento Germanos. O período mais crítico é o inverno, quando chove mais e os alagamentos estão por todo o lado. A Defesa Civil de Cachoeira do Sul monitora a área há algum tempo e trabalha para a retirada das famílias. Só que se uma família sai, vem outra se instala imediatamente. Enquanto isto, a curto prazo não haverá mais passagens para a Ilha do Amor, porque as pinguelas de madeiras não resistiram ao desmoronamento do barranco do Amorim.
MAIS PERIGO
Apesar da dificuldade de moradia, as famílias têm energia e água potável. A situação de perigo não é fato constatado somente da Ilha do Amor, porque toda a margem do Arroio Amorim, entre os bairros Bom Retiro e Barcelos, está cheia de casas. Algumas foram construídas em área de risco e muitas foram danificadas pela inundação. O final da Rua General Portinho é um exemplo. O local possui casas há poucos metros do Amorim onde a umidade é constante e não existe nenhum tipo de infraestrutura.