Os números finais da safra de grãos 2020/2021 indicam que Cachoeira do Sul teve produtividade recorde no arroz e na soja. A obtenção de maiores resultados por hectare demonstra o quanto o produtor vem se profissionalizando para fazer cada vez melhor a lição de casa, o que se reflete diretamente na estabilidade do mercado em patamar de alta, com sustentação de preços mesmo com entrada de produto novo nas indústrias. Na praça de Cachoeira do Sul, a saca de 60 quilos da soja está cotada nesta quarta-feira (9) em R$ 162,00. Já o preço do saco de 50 quilos de arroz tipo 1 (58% de grão inteiro) está em R$ 80,00.
Fechados nesta quarta-feira, os números do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) revelam os arrozeiros de Cachoeira do Sul obtiveram uma produtividade média de 8.510 quilos por hectare. Com o encerramento da colheita de toda a área cultivada de 26.970 hectares, Cachoeira fecha a safra 2020/2021 com 229.515 toneladas colhidas.
Para o coordenador regional do Irga, engenheiro agrônomo Pedro Trevisan Hamann, os resultados podem ser atribuídos a um somatório de fatores. Um deles é o clima. O verão foi marcado por longos períodos de radiação solar, o que contribuiu para a fotossíntese e, consequentemente, o desenvolvimento acelerado da planta. Somou-se a isso a ocorrência de chuvas regulares em momentos considerados estratégicos tanto para o arroz quanto para a soja.
Se por um lado o clima colaborou, por outro o produtor fez a sua parte. Com o preparo antecipado do solo, os arrozeiros conseguiram concluir o plantio da maior parte da lavoura dentro do período recomendado, até 15 de novembro. Isso possibilitou um maior aproveitamento da radiação solar e influenciou diretamente na alta produtividade. “Embora o clima tenha sido um forte aliado, a competência do produtor foi fundamental para o alcance dos bons resultados”, avalia o engenheiro Pedro Hamann.
Outra importante contribuição para a safra 2020/2021 ter chegado a patamares satisfatórios foi a oferta de tecnologia. Cultivares mais produtivas e com genética direcionada para alta produtividade, resistentes a pragas e invasoras, garantiram maior rendimento em áreas cada vez mais restritas, e o próprio Irga tem exercido papel de protagonismo na área de pesquisa dentro do processo produtivo.
MÉDIA DO RS NO ARROZ É AINDA MAIOR
Se em Cachoeira do Sul as médias foram excelentes, no Rio Grande do Sul o rendimento por hectare é ainda maior: 9.010 quilos. A maior produtividade, até então, foi registrada na safra 2019/2020, com 8,4 mil quilos por hectare.
Analisando os dados das seis regiões arrozeiras, a Fronteira Oeste apresentou a maior produtividade, com 9.705 Kg/ha. A Zona Sul também teve um desempenho acima da média gaúcha, com 9.325 kg/ha.
O levantamento do Irga é elaborado pelos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) a partir de informações fornecidas pelos produtores gaúchos e tabuladas pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) da autarquia.
No Estado, foram colhidas 8.523.429 toneladas, a quarta maior produção da história. As três maiores, no entanto, foram sobre áreas acima de 1,1 milhão de hectares enquanto a safra deste ano foi colhida em 945.971 ha (número atualizado).
Soja rende 53,8 sacas por hectare em Cachoeira
A produção de soja nos 105,8 mil hectares de lavouras colhidas em Cachoeira do Sul também teve rendimento histórico na safra 2020/2021. Números finais do IBGE revelam que a produtividade da lavoura chegou 3.232 quilos por hectare, um recorde que supera em dois quilos o número alcançado em 2017, o maior até então.
A safra gorda contrasta com a situação amargada pelos produtores rurais em 2019/2020. Na ocasião, a seca que atingiu severamente o Estado fez a produtividade despencar para 1.320 quilos por hectare, uma situação de paradoxo com a valorização do produto na época, quando não tinha grão disponível para comercialização.
RIO GRANDE DO SUL
Assim como em Cachoeira do Sul, a soja também bateu recorde no Estado. Em território gaúcho, a produção de 20,2 milhões de toneladas foi a maior da história em pouco mais de 6 milhões de hectares. O desempenho animou o governador Eduardo Leite, que aposta que os resultados irão movimentar a economia gaúcha num momento em que os negócios encontram-se estagnados pelas consequências da pandemia.
SAIBA MAIS:
Série histórica da SOJA EM CACHOEIRA DO SUL:
2004
- Área (hectares): 47.000
- Produtividade (kg/ha) : 1.320
2005
- Área (hectares): 50.000
- Produtividade (kg/ha): 850
2006
- Área (hectares): 48.000
- Produtividade (kg/ha): 1.700
2007
- Área (hectares): 48.000
- Produtividade (kg/ha): 2.400
2008
- Área (hectares): 48.000
- Produtividade (kg/ha): 2.100
2009
- Área (hectares): 52.000
- Produtividade (kg/ha): 2.160
2010
Área (hectares): 50.000
Produtividade (kg/ha): 2.520
2011
- Área (hectares): 55.000
- Produtividade (kg/ha): 2.880
2012
- Área (hectares): 95.520
- Produtividade (kg/ha): 1.303
2013
- Área (hectares): 127.000
- Produtividade (kg/ha): 2.281
2014
- Área (hectares): 130.500
- Produtividade (kg/ha): 2.700
2015
- Área (hectares): 138.000
- Produtividade (kg/ha): 2.537
2016
- Área (hectares): 140.000
- Produtividade (kg/ha): 3.124
2017
- Área (hectares): 142.700
- Produtividade (kg/ha): 3.229
2018
- Área (hectares): 142.400
- Produtividade (kg/ha): 2.312
2019
- Área (hectares): 103.000
- Produtividade (kg/ha): 2.970
2020
- Área (hectares): 105.500
- Produtividade (kg/ha): 1.320
2021
- Área (hectares): 105.800
- Produtividade (kg/ha): 3.232
Fonte: IBGE