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Bolsonaro se compromete com os arrozeiros gaúchos

Frente a frente com Bolsonaro: presidente da UCR, Pinto Kocgenborger, detalhou a complicada situação do setor arrozeiro gaúcho ao presidente da República / Fotos: Gabinete da Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro recebeu na tarde desta quinta-feira (11), em Brasília, líderes de produtores de arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. No encontro, ele deu carta branca aos ministérios da Agricultura e da Economia para que as demandas do setor arrozeiro sejam atendidas. Cachoeira do Sul esteve representada no encontro pelo presidente da União Central de Rizicultores, Ademar Kochenborger, o Pinto, e pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag/RS), cachoeirense Carlos Joel da Silva.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, acompanhou o encontro. O governo já sinalizou aos produtores que as parcelas de custeio que vencem nos dias 20 de julho e de agosto deverão ser prorrogadas “para estancar a sangria do endividamento”. Os produtores também solicitaram que o governo determine que os bancos interrompam as execuções de dívidas, que geralmente resultam em tomada de maquinário e outros bens que são colocados como garantia quanto da contratação de financiamentos. “Nós pedimos que essa seja uma ordem de cima para baixo, que o governo emita uma circular determinando que os bancos freiem as execuções”, explica Kochenborger.

MERCOSUL

Outro pedido feito pelo setor arrozeiro ao governo federal é para que o Brasil abra as fronteiras para o livre comércio com os países do Mercosul. Uma queixa recorrente das entidades é de que o país recebe livremente arroz produzido no Paraguai, Argentina e Uruguai mas os produtores não têm a contrapartida de poder comprar fertilizantes, peças de maquinário e outros insumos mais baratos nos países vizinhos que integram o bloco. “Que Mercosul é este que só favorece um lado? Desde a criação do Mercosul, em 29 anos, nós arrozeiros tivemos renda em apenas 10 anos. Estamos há 19 anos operando no vermelho sem conseguir fechar as contas”, indigna-se Kochenborger, ressaltando ainda que o preço do arroz não reage por conta de problemas de negociação com a indústria.

A ministra Tereza Cristina ficou de se reunir nesta sexta-feira com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar das demandas do setor arrozeiro. Uma medida anunciada por Bolsonaro que pode favorecer o setor produtivo é a abertura do mercado de crédito com bancos internacionais, o que deve ocorrer já nos próximos meses. A medida é aguardada com expectativa pela classe produtora, que poderá importar insumos e maquinário de outros países e colocá-los como garantia na assinatura de financiamentos. “Espera-se que, com isso, se abra concorrência e o crédito fique mais barato”, salienta Kochenborger.

Comitiva dos arrozeiros é formada por dirigentes do setor e parlamentares da bancada ruralista gaúcha em Brasília

 

Bolsonaro assistiu ao vídeo de Kochenborger

No encontro com os arrozeiros, nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro revelou que assistiu ao vídeo em que o presidente da UCR, Pinto Kochenborger, manifesta sua indignação com o Plano Safra anunciado pelo governo federal que, na concepção do dirigente arrozeiro, não contempla as necessidades da classe produtora.

O vídeo foi gravado no mês passado e viralizou nas redes sociais. Na mídia, Kochenborger aparece de bermuda, camiseta e chinelo num dos galpões de sua propriedade rural na Porteira Sete, interior de Cachoeira, cobrando explicações do governo sobre medidas que possam proporcionar renda aos produtores.

O vídeo chegou primeiro ao whatsapp da ministra Tereza Cristina. No mesmo momento, ela teria repassado a mídia ao presidente Bolsonaro, que estava em viagem a Portugal e foi alertado sobre a repercussão do conteúdo entre os produtores rurais do sul do Brasil. “Ele me disse que estava em Portugal quando recebeu o vídeo e ficou sensibilizado com a nossa situação”, salienta Kochenborger.

Após o encontro com Bolsonaro, os dirigentes arrozeiros seguiram para o Ministério da Agricultura para tratar mais especificamente do endividamento dos produtores com os bancos. Parlamentares da bancada ruralista gaúcha, entre eles Luis Carlos Heinze e Jerônimo Goergen (Progressistas) integram a comitiva.

 

UMA PERGUNTA

Prresidente da UCR, Pinto Kochenborger:

A partir do encontro de hoje (quinta-feira), se vislumbra que uma solução para o setor arrozeiro esteja mais próxima?

Pinto Kochenborger – Acho que sim. Pela primeira vez, uma ministra da Agricultura e um presidente da República foram tão receptivos conosco. O presidente deu carta branca para seus ministros resolverem o problema do arroz, e isso não é pouco. Será um marco não só para Cachoeira ou para o Rio Grande do Sul, mas para o Brasil. Precisamos de um setor arrozeiro forte para seguir produzindo um alimento essencial com cada vez mais qualidade aos brasileiros.

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