ÁUDIOS – Reportagem negocia montagem de casa de jogos de azar em Cachoeira

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ÁUDIOS – Reportagem negocia montagem de casa de jogos de azar em Cachoeira
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15 de junho de 2019 - bingo1

Conhece esse som? Já ouviu antes?

É de um dos jogos mais utilizados em bingos eletrônicos ilegais com apostas feitas em telas de computador. Similares ao ponto fechado em Cachoeira do Sul na quinta-feira (13), após ação da Polícia Civil. Segundo as apurações, os responsáveis pelo local eram de Porto Alegre. A reportagem do OCorreio Digital apurou o esquema e localizou um negociador também da capital gaúcha que oferece a montagem de uma casa de jogos de azar na cidade:

O interessado em abrir um bingo eletrônico em Cachoeira do Sul precisaria de R$ 35 mil. O investimento retornaria em triplo no mês seguinte, conforme o negociador do bando encontrado pela reportagem:

A tecnologia em serviço pelas quadrilhas que montam casas de jogos de azar no interior do Rio Grande do Sul está representada em um detalhe que é um grande desafio para Polícia. Um pen drive:

O negociador revela a estrutura que seria montada:

Uma mulher que integra outro grupo também de Porto Alegre e que atua na montagem de bingos ilegais no interior gaúcho revela a forma usada para o transporte dos equipamentos:

O esquema conta até com equipe especialmente para montar a casa de jogos de azar na cidade:

Durante as apurações, a reportagem do OCorreio localiza uma frequentadora de casas de jogos de azar. A mulher defende os bingos eletrônicos. Sua voz está modificada para preservar sua identidade:

Outra apostadora revela que o fechamento de um bingo na cidade não significa o fim da jogatina ilegal:

A reportagem descobre ainda que os jogos podem ser controlados. A confirmação é feita por outro negociador que abastece o interior do Estado encontrado, mas que atua em bando com base no Sudeste do país:

Conforme o delegado de Polícia de Cachoeira do Sul, Ricardo Milesi, a ação na noite de quinta-feira (13) foi possível após trabalho de monitoramento. “A contravenção penal sempre deve ser combatida. Foi uma ação rápida”, resumiu o fechamento do bingo localizado na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Ao todo, dez funcionários foram contratados para trabalhar no local e acabaram levados para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).

Fotos: PC

O local abriu as portas por volta das 17 horas, ainda conforme a Polícia. Cerca de uma hora depois, a Polícia chegou ao ponto. “Os funcionários estavam praticando uma contravenção penal e, por isto, foram conduzidos para a delegacia”, revelou o delegado. No local, os agentes encontraram máquinas e equipamentos utilizados para os jogos ilícitos.

O prédio – adaptado para ser uma casa de jogos – fica na quadra da Avenida Presidente Vargas, entre as ruas Sete de Setembro e Saldanha Marinho, onde na década de 1990 também funcionou um bingo. A Polícia recolheu convites distribuídos pela equipe da casa, denominada de Mega Bingo. “Troque este convite pela primeira rodada grátis com nossos atendentes”, dizia o texto.

O Brasil proíbe jogos de azar como os praticados em cassinos e bingos. Atualmente, as apostas legalizadas estão restritas à Loteria da Caixa Federal. Propostas tramitam no Congressos Nacional para a sua regulamentação, mas sem previsão de votação.

Saiba mais

Em 2004, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na noite do dia 20 de fevereiro, na sala de desembarque da Base Aérea de Brasília, a medida provisória (MP) que determinou o fechamento de estabelecimentos de bingos e proibiu o uso de máquinas de caça-níqueis em todo o Brasil. Lula passou o dia no Rio Grande do Sul onde abriu a Festa da Uva, em Caxias do Sul, e desembarcou na Capital Federal por volta das 23 horas. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou na época que a decisão de criar a MP foi do próprio presidente. A medida passou a vigorar no dia seguinte.

O diagnóstico que subsidiou Lula e os ministros para a decisão foi elaborado por um grupo de trabalho instalado no último trimestre de 2003, baseado em irregularidades detectadas no setor.