As carpas na história do Chatodô

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As carpas na história do Chatodô
CACAU MORAES
19 de setembro de 2022 - cacauzinho

O Château D’Eau (Chatodô), localizado no complexo do Paço Municipal na Praça Baltazar de Bem em Cachoeira do Sul, onde se encontram a Catedral Nossa Senhora da Conceição e o Museu Municipal, teve durante um longo tempo um atrativo especial. Além de ser um chafariz histórico que fazia parte do sistema de distribuição da água da cidade – isto em 1925 – o Chatodô atraia a atenção de crianças, jovens e adultos.

Ao redor do monumento havia, numa espécie de fonte (espelho d’água), com vários peixes e o destaque eram as carpas de todos os tamanhos e cores. Elas pulavam e, como numa coreografia, davam a impressão de saudar os visitantes, que jogavam farelos de pão na água. 

O prefeito Sergio Ghignatti em seu primeiro mandato de 2009 a 2012, foi um entusiasta pelo cuidado com os peixes do Chatodô. Um dia mandou comprar filhotes de carpas e outros peixes para povoar ainda mais a fonte do Chatodô. Designou um CC para todos os dias dar uma observada se estava tudo bem com os peixes. Ele também quando chegava à Prefeitura tinha que dar uma passada no Chatodô e reclamava se o local não estava limpo e cuidado.

Teve uma ocasião que até uma tela chegou a ser colocada sobre a água, para que houvesse proteção aos peixes. Não deu certo. Mas o pior veio depois. Com o crescimento das carpas e de outros peixes, um dia um homem foi flagrado dentro da água numa luta para pegar carpas. Era uma pescaria sem linha e anzol. A ação provocou tristeza em quem aos finais de tarde e fins de semana gostava de ver a movimentação dos peixes. 

O Chatodô tinha outro problema. À noite precária iluminação e, além disso, necessitava de uma reforma. Assim, em 2016 ficou definida a restauração por meio de um financiamento da Corsan. Bom, aí, fim dos peixes e da água porque a obra durou cerca de um ano. Após restaurado, teve ato de inauguração, ficou bonito, mas as carpas e os demais peixes não voltaram ao Chatodô. Ainda mais que agora há uma atenção especial para a água parada em fontes, tudo por conta da dengue. 

O resultado do restauro foi elogiado, porque ficou muito bom. Deu outra vida a um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, mas por vezes o Chatodô fica às escuras e onde havia água, carpas e demais peixes, o local tem acumulado sujeira por conta da falta de educação das pessoas.

PATRIMÕNIO

A história do Chatodô remonta a 18 de outubro de 1925. Nele estão figuras femininas e o Netuno no topo do reservatório. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (IPHAE), o conjunto foi implantado com linhas clássicas, de acordo com a tendência da época. Sofreu várias intervenções e acréscimo ao longo do tempo. 

Em 1930 foram plantadas palmeiras circundando a obra. Três anos mais tarde houve a recuperação com melhoramento de iluminação. Em 1959 foi introduzida uma nova bacia, mais profunda e com  fontes luminosas em forma de estrelas de cinco pontas. Em 1964, foi pintado e a bacia mantida com peixes decorativos. A obra deixou de integrar o sistema de distribuição de água da cidade na década de 1970. 

O Chatodô foi declarado integrante do Patrimônio Cultural do Estado pela Assembleia Legislativa do Estado (2006) e tombado em nível municipal (2012). O tombamento estadual do conjunto arquitetônico f0i oficializado pela Portaria SEDACTEL Nº 15/2017. Inclui a estrutura de concreto armado, toda a colunata e o gradil de ferro, as oito ninfas e a figura de Netuno, a cúpula da parte superior e todos os detalhes decorativos e construtivos do conjunto. Está tombada também a implantação original, assim como o calçamento em pedra portuguesa com os desenhos da concepção original do projeto.

 

Com informações do IPHAE