Os arrozeiros de Cachoeira do Sul, liderados pela União Central de Rizicultores (UCR), estão com suas máquinas nas ruas. O maquinário foi levado no início da manhã desta segunda-feira (5) para Praça José Bonifácio, no centro. Faixas com cobrança à margem de lucro e questionamentos sobre a justiça social na cadeia produtiva estão na frente dos tratores, estacionados na Rua Sete de Setembro.
A mobilização que deverá ser estender até sexta-feira (9) toma conta da área central e tem por objetivo chamar atenção para a crise vivida pelo setor arrozeiro nos últimos anos e que nos últimos meses vem se agravando, tendo como consequência a depreciação de patrimônio e execuções de dívidas bancárias com tomada de maquinário.
A ideia da UCR é mobilizar outras regiões produtoras de arroz, para que na próxima segunda-feira (12), acontece amplo protesto em Camaquã, aproveitando a vinda ao Rio Grande do Sul, do presidente Jair Bolsonaro. “Algo precisa ser feito. Não é possível que o governo não atenda nossas reivindicações”, disse o presidente da UCR, Ademar Kochenborger, acrescentando que o setor econômico do governo não conhece o dia a dia do agronegócio. “Paciência tem limite”, afirmou.
Ele disse que o setor arrozeiro também enfrenta a concorrência do arroz trazido do Paraguai e Uruguai e de Brasília por enquanto é só promessa. “Não podemos vender nossa produção pelo preço do mercado o que nos deixa mais descontentes”, salientou. Para Kochenborger, o ministro da Economia, Paulo Guedes, só conhece a Avenida Paulista e, por isto, não cumpre as determinações do presidente Bolsonaro. “Mas não vamos nos entregar. Vamos convocar a bancada ruralista, para que se una a nós neste momento em que precisamos mostrar a todos a situação do produtor de arroz”, observou.
IMPORTANTE
“O cenário é de desespero, descaso e revolta. O governo sequer toca nos assuntos estruturais da lavoura. Temos uma carga tributária de 33% da porteira para dentro e praticamente não somos subsidiados”, lamentou Kochenborger.
ATENÇÃO
No dia 11 de julho, representantes do agronegócio do Rio Grande do Sul, entre eles o cachoeirense Ademar Kochenborger, estiveram em Brasília reunidos com o presidente Jair Bolsonaro e com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. No encontro, os produtores receberam a promessa de que as parcelas de custeio que vencem nos dias 20 de julho e de agosto seriam ser prorrogadas para setembro e outubro, respectivamente.
A do dia 20 de julho já venceu e, até o momento, não houve prorrogação. Como a maior parte dos produtores não pagou alegando descapitalização, o temor é de que eles possam parar no Serasa e Cadastro de Inadimplentes, o que obviamente tem como conseqüência a restrição ao crédito. “Enquanto isso, o preço não reage, o mercado está parado e está entrando arroz livremente do Mercosul nas fronteiras brasileiras”, revelou Kochenborger.