Com um sorriso no rosto e cheia de expectativas, a dona de casa Simone Trindade Henrique, de 39 anos, se preparava na manhã desta sexta-feira (8) para deixar o abrigo no Centro de Formação da Igreja Santo Antônio, espaço que foi sua casa durante 192 dias. Ela foi uma das contempladas com o Aluguel Social no valor de R$ 800,00, destinado às famílias atingidas pela enchente de maio que não conseguiram voltar para casa.
No total, 13 famílias serão beneficiadas com o Aluguel Social: 10 receberão o valor com pagamento dividido entre a Prefeitura e o governo do Estado, e outras três terão o valor pago integralmente pela Prefeitura, por não se enquadrarem nos critérios estaduais, mas ainda necessitarem do benefício. O valor será disponibilizado por seis meses.
Simone morava no Bairro Cristo Rei, em uma casa alugada, que acabou sendo destruída pela enchente. Agora, junto com os filhos de 13 e 15 anos, ela voltará a morar em um espaço próprio com a família. “Os primeiros dias foram muito tristes. A gente precisa, de um dia para o outro, aprender a morar com pessoas estranhas. Agora estou feliz de ir embora, mas, ao mesmo tempo, tenho um pouco de tristeza. A gente se acostuma, e todos ficam como se fossem da família”, conta ela, que vai morar em um dos apartamentos do Solar do Parque.
Outra abrigada que começou a se mudar nesta sexta-feira foi a dona de casa Carla Teresinha de Souza Alves, de 39 anos, também ex-moradora do Bairro Cristo Rei. Carla, junto com os filhos de 18, 8 e 6 anos, ficou 191 dias no abrigo. “Aqui não é igual à nossa casa, mas a gente já estava acostumada. Foram momentos muito difíceis, mas agora estou feliz de ter meu espaço novamente”, disse ela.
A filha Sofia, de 8 anos, e o pequeno Lorenzo, de 6 anos, não escondiam a alegria de poder retornar para a escola onde estudavam anteriormente. Sofia, que estava na Escola Estadual Rio Jacuí, volta para a Escola Estadual Bairro Carvalho, e Lorenzo, que estava na EMEI Padre Renato Tonon, retorna para a EMEF Dora Abreu. “Estamos com muitas saudades dos nossos colegas”, contaram eles.
A dinâmica da saída do abrigo e o Aluguel Social
A saída do abrigo acontece conforme o dinheiro do Aluguel Social vai entrando na conta e as famílias vão encontrando um novo espaço para morar. A maioria já está com a casa reservada, apenas aguardando o recurso. A primeira família saiu nesta quinta-feira; outras três saem nesta sexta-feira, e seis devem sair nos próximos dias. Uma família já havia saído do abrigo na semana passada, antes mesmo da entrada do recurso, e duas estão na casa de familiares.
Pelo programa estadual, cada família receberá R$ 400,00 do governo do Estado e outros R$ 400,00 do Governo Municipal, totalizando R$ 800,00 para investir em Aluguel Social por seis meses. Todas as beneficiadas se enquadram nos critérios definidos pelo governo do Estado para concessão do Aluguel Social: terem ficado desabrigadas, estarem inscritas no Cadastro Único, terem renda per capita de até R$ 706,00 e suas casas serem consideradas indisponíveis para o retorno dos moradores.
Cada família tem autonomia para alugar o imóvel que melhor atenda às suas necessidades, desde que não seja em área considerada de risco. Em contrapartida, para receber o Aluguel Social do mês seguinte, o responsável familiar precisará protocolar mensalmente junto à Prefeitura o comprovante de pagamento do aluguel.
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