Após 40 anos, SOS Agro RS traz de volta o Grito do Campo

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Após 40 anos, SOS Agro RS traz de volta o Grito do Campo
RURAL
5 de julho de 2024 - Grito do Campo (1984) e SOS Agro RS (2024): 40 anos depois setor produtivo do Rio Grande do Sul se une de maneira generalizada para reivindicar medidas de socorro ao governo federal / Montagem sobre fotos: Portal OCorreio/OC

Depois de 40 anos da realização do Grito do Campo, em Porto Alegre, uma das maiores manifestações da classe produtora do Rio Grande do Sul, novamente o setor produtivo se mobiliza. A realização do SOS Agro RS em Cachoeira do Sul nesta quinta-feira (4), no Parque da Fenarroz, foi a prova de que as atenções dos governos não se voltam para a produção de alimentos, eixo da economia dos municípios, do estado e do país.

O Grito do Campo realizado no Estádio Beira-Rio, em 2 de outubro de 1984, mostrou força e a mobilização em uma época que não existia rede social. As cooperativas e os sindicatos se encarregaram de levar a Porto Alegre 700 ônibus. As reivindicações não tinham eco junto aos órgãos governamentais. Faltava incentivo, seguro e força política, situação semelhante à que foi demonstrada em 2024 no SOS Agro RS em Cachoeira do Sul.

Já o SOS Agro RS surge num momento de perdas significativas decorrentes da maior da tragédia das águas registradas no Rio Grande do Sul. Desta vez, o SOS Agro RS traz também um grito pelo cumprimento de promessas e a lotação do Ginásio da Fenarroz comprovou que o campo está unido e vai cobrar sempre incentivos à produção. O campo quer tranquilidade para trabalhar e foi isto que o SOS Agro RS mostrou em Cachoeira do Sul.

SOS AGRO RS FEZ DE CACHOEIRA DO SUL PALCO DE UMA GRANDE MANIFESTAÇÃO

Cachoeira do Sul, pioneira na produção de arroz irrigado, e há 30 dias da realização da Feira Nacional do Arroz do Arroz (Fenarroz), tornou-se o palco da cobrança, do protesto e uma mostra de que com a classe produtora unida, o país se fortalece em sua economia. O Grito do Campo e o SOS Agro RS são iguais, apesar de estarmos em novo momento político, mas demonstram que o setor da produção necessita de incentivos e o cumprimento de promessas. O Grito do Campo ainda está na memória do RS e agora o SOS Agro RS se notabiliza para dar continuidade a mobilização de quem a cada safra, a cada ano, a cada momento, pensa em solidificar a economia do RS e do resto do país.

GRITO DO CAMPO LEVOU 35 MIL AO BEIRA-RIO

No dia 2 de outubro de 1984, mais de 700 ônibus e milhares de automóveis levaram mais de 35 mil produtores rurais, de todos os recantos do interior do Rio Grande do Sul, para participarem do Grito do Campo, uma grande manifestação realizada no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre.

Essa movimentação toda, em caravanas orientadas pelas cooperativas, com os ônibus identificados por faixas e bandeiras, foi aclamada com entusiasmo ao longo do percurso. O encontro, planejado em todos os detalhes nas 68 cooperativas filiadas à Fecotrigo (hoje Fecoagro – Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS) e anunciado, com destaque, foi um alerta cooperativo à nação.

Já no estádio, o público especial foi saudado por reconhecidos artistas que haviam aderido ao ato público para ‘aquecer a torcida’. O pajador Jayme Caetano Braun, por exemplo, improvisou versos e protestos, emocionando a plateia. Na origem do movimento, crises de toda ordem, que geravam instabilidade econômica e social, tinham soluções sempre difíceis.

Em Cachoeira do Sul, 40 anos depois, o SOS Agro RS trouxe caravanas de sindicatos rurais e outras entidades do setor produtivo gaúcho de todos os cantos do Rio Grande do Sul. Foi uma demonstração de o homem do campo de hoje e o de 40 anos atrás são a mesma figura: um ser sofrido, sem apoio, que tem na produção agrícola uma indústria a céu aberto com a responsabilidade de alimentar um país inteiro, mas que apesar disso não dispõe do suporte necessário por parte do governo federal.

A UNIÃO GANHOU FORÇA EM TODOS OS RECANTOS

A classe produtora de Cachoeira do Sul foi ativa no Grito do Campo. Na época todos se mobilizaram com a participaram expressiva das cooperativas (Agrícola, Triticola), Sindicato Rural, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e  lideranças de todos os segmentos agrícolas.

Em Porto Alegre, além dos dirigentes de entidades rurais, os líderes partidários Pedro Simon, Alceu Collares e Olívio Dutra (futuros governadores) apoiaram a mobilização com enfáticos pronunciamentos, mostrando o inconformismo com a situação política nacional de então. A presença do candidato à Presidência da República Tancredo Neves alimentava a grande esperança para um novo Brasil.

COMO SURGIU O GRITO DO CAMPO
As reivindicações não tinham eco junto aos órgãos governamentais. ‘Falta incentivo, seguro e força política’, registravam os diagnósticos. Assim, naquele ano, depois de muitos debates, os dirigentes das cooperativas tomaram uma atitude mais ousada para fortalecer politicamente o setor. Apoiado por unanimidade, o presidente da federação, Jarbas Pires Machado, convocou a ‘Concentração Estadual de Produtores Rurais’ – que ficaria conhecida como ‘O Grito do Campo’.

Foi um ato de intercooperação que ganhou grande sinergia e destaque na mídia, por reunir lideranças de todas as correntes políticas e sociais, mostrando a força da união e a importância desse macrossetor, hoje chamado de agronegócio, reconhecido como o mais significativo do Brasil.

Fonte: Informações do Grito do Campo foram publicadas pelo jornalista Waldir Antonio Heck, fundador do jornal O Interior, que participou ativamente da mobilização e organização do evento.

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