A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta semana o registro do medicamento Kisunla (donanemabe), voltado ao tratamento de pessoas com comprometimento cognitivo leve e demência leve causados pela doença de Alzheimer. O fármaco é um anticorpo monoclonal que age diretamente sobre placas de proteína beta-amiloide no cérebro, associadas ao avanço da doença.
De acordo com a Anvisa, o donanemabe atua reduzindo essas placas, o que pode retardar a progressão do Alzheimer em pacientes nos estágios iniciais da condição. A eficácia do medicamento foi avaliada em um estudo clínico com 1.736 voluntários, que apresentavam sintomas leves e diagnóstico confirmado da doença.
Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu doses do medicamento e o outro, placebo. Os dados apontaram que, após 76 semanas de acompanhamento, os pacientes que tomaram donanemabe tiveram uma progressão clínica significativamente menor em comparação ao grupo que não foi medicado.
Atenção às restrições e possíveis efeitos
Apesar dos resultados promissores, o uso do medicamento é contraindicado para pessoas em tratamento com anticoagulantes — como a varfarina — ou com diagnóstico de angiopatia amiloide cerebral, condição detectável por ressonância magnética. Segundo a Anvisa, nesses casos os riscos superam os possíveis benefícios.
Entre as reações adversas mais frequentes estão febre, dores de cabeça e sintomas semelhantes aos de gripe, associados ao processo de infusão do medicamento. A Anvisa informou que o uso do donanemabe será monitorado de forma contínua, com medidas de segurança incluídas em um plano específico para minimizar riscos.
Alzheimer: desafios e cuidados no Brasil
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que compromete a memória, o raciocínio e a autonomia das pessoas. De acordo com o Ministério da Saúde, a condição resulta da formação de fragmentos de proteínas anormais no cérebro, que levam à perda gradual de neurônios em áreas como o hipocampo e o córtex cerebral — responsáveis por funções cognitivas essenciais.
Embora a causa ainda não esteja completamente esclarecida, fatores genéticos têm sido apontados como influentes. O Alzheimer é a forma mais comum de demência em idosos, representando mais da metade dos casos.
No Brasil, o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é oferecido gratuitamente por meio de centros de referência, com acompanhamento médico, suporte psicológico e fornecimento de medicamentos para ajudar a retardar os sintomas.
Além do tratamento clínico, o cuidado com os pacientes envolve atenção constante de familiares, cuidadores e profissionais de saúde, com atenção especial à alimentação, ao ambiente doméstico e à qualidade de vida no dia a dia.