O mercado interno de soja no Brasil iniciou dezembro com uma movimentação atípica, marcada por maior liquidez, impulsionada pela recente valorização do dólar frente ao real. Há semanas, a moeda americana vem se sustentando acima dos R$ 6. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa alta cambial reforçou a competitividade da soja brasileira no mercado global, aumentando o interesse de compradores estrangeiros e, ao mesmo tempo, pressionando a demanda no mercado interno.
No Rio Grande do Sul, estado responsável por uma parcela significativa da produção nacional, esse cenário foi especialmente notável. A combinação de preços firmes e a alta procura resultou em uma disputa intensa entre indústrias locais e exportadores. Contudo, muitos produtores gaúchos têm adotado uma postura estratégica, preferindo segurar os estoques remanescentes da safra 2023/24. Essa decisão reflete a expectativa de preços ainda mais atraentes no primeiro bimestre de 2025, sustentada por possíveis desdobramentos climáticos na América do Sul e pela continuidade da valorização do dólar.
PERSPECTIVAS PARA A SOJA SÃO OTIMISTAS PARA OS PRÓXIMOS MESES
As perspectivas para os próximos meses permanecem otimistas. Especialistas apontam que fatores como a manutenção do dólar em patamares elevados, possíveis ajustes na oferta global devido a condições climáticas adversas, e o crescimento da demanda por óleo de soja no mercado internacional podem sustentar a tendência de preços firmes. No mercado interno, a competitividade entre exportadores e consumidores domésticos deve seguir acirrada, especialmente em estados como o Rio Grande do Sul, onde a proximidade de portos estratégicos favorece a exportação da commodity.
Para os produtores, o foco se volta à gestão eficiente do armazenamento e à análise do momento ideal para comercialização. Já para o mercado, a atenção estará nas definições climáticas no Brasil e na Argentina, que podem redesenhar o equilíbrio de oferta e demanda global, além da influência das políticas cambiais e econômicas nos próximos meses.