Alerta: previsões não são boas para o Rio Jacuí, que deve subir ainda mais

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Alerta: previsões não são boas para o Rio Jacuí, que deve subir ainda mais
CACHOEIRA DO SUL
13 de setembro de 2023 - Vazão das águas na Usina Hidrelétrica de Dona Francisca indica que Rio Jacuí deve subir ainda mais nas próximas horas / Fotos e vídeo: Divulgação

Não são boas as previsões que se avizinham para o Rio Jacuí em Cachoeira do Sul caso se confirmem as informações da Coordenação Regional da Defesa Civil sobre a abertura de comportas que controlam a vazão das águas na região. O volume de água que desce das usinas hidrelétricas de Itaúba, no limite dos municípios de Estrela Velha e Pinhal Grande, e de Dona Francisca, desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (13), é um indicativo de que deverá se elevar ainda mais o nível das águas em toda a extensão do Rio Jacuí, afetando diretamente toda a área territorial alagável de Cachoeira.

Em áudio disparado pelo WhatsApp que se espalhou por diversos grupos das redes sociais, o coronel Jacob Aristeu Pinton, coordenador regional de Proteção e Defesa Civil da Casa Militar da Defesa Civil do Estado, alerta que há um volume maior de água por descer em direção a Cachoeira do Sul e que a Defesa Civil local e as comunidades ribeirinhas precisam estar preparadas para remoções de áreas de risco ainda durante o dia, por questões de segurança.

Na região, a usina hidrelétrica que tem comportas que controlam a vazão das águas é a de Itaúba, na Região Centro-Serra. Já em Dona Francisca, a estrutura é composta basicamente por barragem, sem controle de vazão.

“Temos, sim, um aumento hidrológico considerável, muito maior que da última vez. Então, principalmente as cidades mais próximas, comecem suas ações, não esperem a água chegar porque teremos uma elevação do rio nas próximas horas. De Itaúba para baixo está chovendo e (a barragem de) Dona Francisca não tem como segurar esta água, então ela vai descer, vai chegar no interior de Dona Francisca e Agudo e vai chegar em Cachoeira. Façam retiradas preventivas durante o dia para evitar de, à noite, ter de retirar famílias”, destacou o coronel Pinton, alertando sobre o risco de operações noturnas em áreas mais isoladas e remotas.

Assista a um vídeo da vazão das águas na Usina Hidrelétrica de Dona Francisca:

Crédito do vídeo: Divulgação

“NÃO HÁ COMO SABER O QUANTO AINDA PODE SUBIR”, DIZ SUPERINTENDENTE MUNICIPAL DA DEFESA CIVIL SOBRE O RIO JACUÍ EM CACHOEIRA DO SUL

O superintendente da Defesa Civil Municipal de Cachoeira do Sul, Edson das Neves Júnior, afirma que o órgão vem monitorando constantemente a situação do Rio Jacuí nos últimos dias. Embora as águas tenham se estabilizado em 23,50 metros acima do nível do mar nas últimas 24 horas, as informações em torno das barragens que ficam em regiões acima de Cachoeira do Sul são um indicativo de que os cuidados em torno de regiões ribeirinhas e áreas alagáveis deverão aumentar.

Até a tarde desta quarta-feira, mais de 50 famílias ribeirinhas haviam sido removidas de suas casas, incluindo 9 que foram retiradas durante esta manhã no Piquiri em razão da cheia do rio que dá nome à localidade. No entanto, há uma preocupação a mais: produtores rurais devem redobrar suas atenções e retirar animais e implementos agrícolas de áreas alagáveis em razão dos indicativos de que as águas do Rio Jacuí deverão subir mais.

“Na dúvida, opte por sair (de regiões alagáveis)”, recomenda o superintendente da Defesa Civil Municipal, Edson das Neves Júnior. “Não há como saber o quanto (o Rio Jacuí) ainda pode subir, porque de Dona Francisca para cá tem rios afluentes como Vacacaí e Irapuá que a gente não sabe o que vem de água e o quanto podem contribuir para a elevação do Rio Jacuí. A gente não sabe, não temos como saber se chegará a 24 ou 25 metros”, completa Júnior, destacando que a situação em Cachoeira do Sul está sob controle, mas que as famílias ribeirinhas devem colaborar para que as remoções sejam feitas sempre com segurança.

E A BARRAGEM DO CAPANÉ?

Quanto à Barragem do Capané, a Defesa Civil destaca que a situação é mais tranquila, já que o manancial é monitorado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A estrutura da Barragem do Capané foi construída para suportar uma altura de até 13 metros de água, mas avarias constatadas nos últimos anos no maciço levaram o Irga a baixar o volume de água para a metade da capacidade.

Hoje, com nível oscilando entre 6 e 7 metros de altura, a Barragem do Capané opera em situação de segurança. Mesmo assim, o Irga tem a orientação de comunicar a Defesa Civil sobre qualquer situação que fuja da normalidade.

A Capané é a primeira grande barragem do Rio Grande do Sul a contar com plano de contingência definido e concluído que prevê inclusive um mapeamento completo sobre eventual necessidade de remoção de famílias.

FAKE NEWS SOBRE A PONTE DO FANDANGO

Nesta terça-feira (13), a Prefeitura de Cachoeira do Sul lançou uma nota desmentindo uma fake news sobre uma suposta interdição da Ponte do Fandango por causa da cheia do Rio Jacuí. O governo municipal esclarece que a informação é falsa e que a ponte opera normalmente, em sistema de pare-e-siga, com capacidade para até 25 toneladas.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) trabalha na vigilância constante da travessia e está orientado a informar a Defesa Civil sobre qualquer situação que fuja da normalidade.

Rio Jacuí na Ponte do Fandango, na manhã desta quarta-feira (13)

Rio Jacuí na Ponte do Fandango, na manhã desta quarta-feira (13)

RANKING HISTÓRICO DAS MAIORES ENCHENTES DO RIO JACUÍ EM CACHOEIRA DO SUL:

1º – 1941 – 26,53 metros

2º – 2015 (dezembro) – 25,70 metros

3º – 2015 (outubro) – 25,53 metros

4º – 1984 – 25,25 metros

5º – 2009 – 25,05 metros

6º – 1997 – 24,91 metros

7º – 1982 – 24,72 metros

8º – 2007 – 24,50 metros

9º – 2016 – 24,32 metros

10º – 2017 – 23,95 metros

SUPERINTENDENTE MUNICIPAL DA DEFESA CIVIL, EDSON DAS NEVES JÚNIOR, FALA SOBRE A ENCHENTE EM CACHOEIRA DO SUL: