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Ah, essa imprensa marrom…

Foto: Divulgação

Tem uma seguidora que assiduamente nos acompanha pela nossa fanpage Portal OCorreio no Facebook que é simplesmente incansável em nos carimbar com o rótulo de “IMPRENSA MARROM”. Às vezes varia também quando nos chama de “MÍDIA MARROM”. Eu confesso que me presto a tentar entender o que fizemos para essa senhora, para a qual eu mesmo já destinei espaço, tempos atrás, para uma manifestação que fez em emissora de rádio local acerca de um infortúnio empresarial que sofreu por razões que eu mesmo entendo e, inclusive, me compadeci na época.

Se empreender em tempos normais já era difícil, com a pá de cal da pandemia ficou impraticável para alguns setores. Mas bueno, não é tema em questão.

O fato é que as pessoas estão revoltadas demais com a imprensa e os veículos de comunicação de um modo geral. Principalmente quando a pauta bate de frente direta ou indiretamente com suas posições ideológicas ou com o que pregam seus políticos de estimação. “Ideologia, eu quero uma para viver”, dizia Cazuza. Aliás, “ideologia” é um termo que nunca esteve tão em voga nesses tempos de polarização, de extremismo político.

E é aí que acontece um fenômeno interessante. Revoltadas com tudo e com todos, com a “direita fascista” e/ou com a “esquerda comunista”, e praticamente sem vida social e sem ter com quem conversar por causa do tal de isolamento social, as pessoas descarregam toda a sua raiva e todo o seu amargor nas redes sociais. E vão patrolando quem se atravessar pelo caminho ou, no caso, quem deslizar pela tela do seu celular.

No caso da senhora, personagem ali do início do texto, o mais interessante ainda é que ela nos xinga, mas não nos abandona. Ainda estou tentando entender: ou é necessidade, ou é terapia. Ou ela nos ama, ou nos odeia. Ou um misto de tudo.

Basta publicar uma notícia sobre o colapso do sistema hospitalar ou de óbitos causados pela covid-19 para algumas dezenas de pessoas virem pra cá xingar, botar banca, de dedo em riste, como se estivéssemos mentindo ou conspirando contra tudo e contra todos.

Do lado de cá, estamos apenas dando luz aos fatos. Ninguém está aqui para inventar historinha, para criar um cenário de caos. Não. A situação está ruim mesmo. Não queira adoecer e precisar de um leito hospitalar que correrás o risco de ter de esperar no corredor ou ser atendido de maneira improvisada.

O alerta não é nosso. É das autoridades na área da saúde, da direção do nosso Hospital de Caridade e Beneficência, da Secretaria da Saúde.

Acreditem no quiser. Mas por aqui, apenas tentamos expor o cenário da maneira mais fidedigna possível e dar voz aos apelos de quem está na linha frente.

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