O agro mostra sua força de mobilização e o exemplo são as manifestações que vêm sendo realizadas, inclusive, com bloqueio de rodovias como aconteceu nesta sexta-feira (30) em prol da securitização das dívidas, no município de Pantano Grande com o bloqueio da BR-290.
O setor produtivo do Rio Grande do Sul clama por atenção e mostra na ponta do lápis, que depois de enfrentar quatro estiagens e uma enchente catastrófica, em maio de 2024, enfrenta um colapso silencioso, conforme o ex-presidente da União de Rizicultores, Pinto Kochemborger, em entrevista ao Portal O Correio, no protesto desta sexta-feira nos quilômetros 201 e 211, na localidade de Capão da Fonte, em Pantano Grande.
Com um custo de produção cada vez mais elevado, a classe produtora busca também que a sociedade não seja atingida com os efeitos da crise do campo que afeta empregos, preços dos alimentos e paz social. “Sim, estamos em situação desesperadora”, disse a produtora rural de Eldorado, Graziele Dutra em Pantano Grande para a reportagem do Portal O Correio. Ela está desde o dia 13 deste mês no acampamento montado às margens da BR-290 em Pantano Grande, onde está concentrada uma das maiores manifestações do RS.
“Não há como fugir desta realidade de incompreensão que estamos enfrentando por reivindicar a securitização”, salientou, acrescentando que os produtores estão economicamente inviabilizados pelas frustrações e pelas condições de renegociação impostas pela maioria das instituições financeiras. Para Graziele, é preciso salvar a agricultura e a economia da cidade.
Por sua vez, o produtor rural Lucas Lazzari, de Pantano Grande, observou que os protestos são pacíficos e organizados, mas é preciso que a classe produtora tenha condições de continuar produzindo. “Nossa manifestação em Pantano Grande e em outros municípios tem recebido apoio de empresas e de outros setores da economia, no entanto, o governo tem que se sensibilizar. “Foram anunciadas medidas para o setor que não contemplam nossas reivindicações”, afirmou.
Com a realização das manifestações, o agro quer que a União viabilize a suspensão dos vencimentos de curto prazo, tanto em instituições financeiras como empresas privadas, cerealistas e cooperativas. Também é destacado a necessidade a fiscalização correta da aplicação da legislação do crédito rural pelas instituições financeiras nos últimos ciclos produtivos.
Em Pantano, produtores permanecem às margens da BR-290
Rodovias que tiveram bloqueio
Segundo, a Polícia Rodoviária Federal, aconteceram interrupções nas seguintes rodovias federais nesta sexta-feira (30). Também houve bloqueio em rodovias estaduais como na RSC-287, sendo um dos trechos em Novo Cabrais.
- BR-116, Nova Petrópolis, km 181
- BR-116, Picada Café, km 190
- BR-153, Cachoeira do Sul, km 412
- BR-158, Itaara, km 315
- BR-287, São Vicente do Sul, km 312,4
- BR-290, Pantano Grande, km 210
- BR-293, Piratini, km 68,3
- BR-386, Estrela, km 350
- BR-470, Bento Gonçalves, km 200
- BR-471, Rio Pardo, km 175
AGRO EM BUSCA DE ALTERNATIVAS
Os produtores rurais reivindicam alternativas para o endividamento agravado pelos impactos climáticos nas últimas safras, em especial nos períodos de estiagem e enchente. Desde 2018, o Estado passou por estiagens e enchentes, a maior delas em 2024, atingindo 90% do território gaúcho.
O QUE DESEJA A CLASSE PRODUTORA
- Prorrogação e renegociação de dívidas: o pedido inicialmente encaminhado pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura do RS (Fetag-RS), em fevereiro, previa a prorrogação de todos os vencimentos por quatro meses e uma posterior negociação no prazo de 12 anos. O pedido foi visto como inviável pelo governo. Agora, a sinalização permitiu que o produtor com operações de custeio pelo Pronaf prorrogue em três anos a dívida.
- Securitização:o pedido inicial, já rejeitado pelo governo federal por falta de caixa, pleiteava o prazo de 20 anos para os pagamentos em aberto, considerando todas as dívidas de custeio, de investimento e de cooperativas e cerealistas. Propostas referentes ao projeto seguem em negociação, como o PL de conversão das dívidas em títulos do Tesouro.
TODOS DE OLHO NA PEC 320/25 PARA SALVAÇÃO DA LAVOURA
A proposta autoriza a renegociação de dívidas de produtores rurais que tiveram perdas por eventos climáticos a partir de 2021. A renegociação será feita por meio da transformação das dívidas em títulos que terão o Tesouro Nacional como garantia, com condições especiais para pagamento e comercialização.
O que diz o autor, o senador Luís Carlos Heinze
- As possíveis consequências da proposta são: garantir um prazo adequado para a recuperação dos produtores rurais, manter o crédito rural disponível, viabilizar a renegociação das dívidas em condições mais justas, promover a segurança jurídica e a previsibilidade financeira. Isso permitiria que o setor se recuperasse dos problemas climáticos e continue contribuindo para o desenvolvimento do país, evitando o aumento no preço dos alimentos.
Fotos/crédito: Cacau Moraes