por Jeferson Selbach*
Passamos da Quarta-feira de cinzas. Acabou o carnaval, as férias e o verão. Agora o ano de 2025 começa de verdade.
Voltamos à vida normal, não aquela de sol e banho de mar na praia que só o décimo-terceiro consegue pagar ou de estender a roupa no varal e secar em seguida, mas da chuva molhada, umidade nas paredes do banheiro, levar as crianças na escola, cozinhar o almoço e esquentar a janta, enfim, o bom e velho cotidiano.
Agora intensificam as reclamações populares contra o aumento do custo de vida, da comida que só sobe, do reajuste do aluguel, do IPVA e IPTU, dos pedágios nas estradas esburacadas.
A charge de Gilmar Fraga na Zero Hora é uma radiografia extraordinária do atual momento. A caricatura de Luiz Inácio Lula da Silva aparece na gangorra, embaixo, enquanto do outro lado, no alto, está o carrinho de supermercado. Quanto mais altos estão os preços dos alimentos, mais cai a popularidade do excelentíssimo presidente.
Pesquisa revela altíssimo índice de insatisfação, o maior nos três mandados lulistas, com percentuais que ultrapassam 60% e demonstram perda de apoio popular inclusive nos Estados nordestinos, consideradas bases eleitorais em razão do bolsa-família. No Rio Grande do Sul a taxa chega a 66%, o que não surpreende depois da sessão de fotos eleitoreiras durante as enchentes.
As donas-de-casa já estão exercitando para os panelaços que certamente serão escutados por todo Brasil. Ainda mais depois que Lula anunciou que fará pronunciamento quinzenal na rede de televisão e rádio para falar das suas conquistas imaginárias, da quantidade de pobres que tirou da miséria, da picanha, da cervejinha e dos ovos de emas que adotou no café da manhã.
Do outro lado, o ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou manifestação por anistia e liberdade de expressão para 16 de março nas areias de Copacabana, o que deve atrair mais pessoas que o show gratuito da Madona. Dia 6 de abril é a vez dos descontentes encherem a Avenida Paulista, para desespero dos governistas.
Quem quiser que aproveite enquanto ainda pode se manifestar, porque daqui a pouco criticar o governo poderá ser classificado como fake news e ato antidemocrático, sujeito, portanto, a processo penal.
Enquanto isso não ocorre, seguimos na esperança de dias melhores, para quem acha que não está tão bom como poderia estar, e para dias muito melhores ainda para quem acha que está bom como está. Até porque sempre dá para melhorar.
Chico Xavier dizia que a vida é feita de momentos bons e ruins que passam e que cada experiência é uma oportunidade de aprendizado. Para os dias bons, gratidão. Para os dias difíceis, fé. Para os dias de saudade, tempo. Para todos os dias coragem.
Passado o carnaval é o momento de colocarmos em prática as resoluções que fizemos na virada do ano. Fechar a boca para quem come demais ou é fofoqueiro. Ter paciência para quem é ansioso. Ler e estudar para quem quer melhorar a régua moral e o padrão de vida.
Quem usou vermelho que tenha mais paixão e amor; dourado, riqueza e prosperidade; amarelo, alegria e felicidade; laranja, criatividade e entusiasmo; branco, paz e harmonia; azul, serenidade e calma; verde, equilíbrio emocional; rosa, afeição; roxo, espiritualidade; e prata, inovação. Quem ergueu a bandeira multicolorida se beneficia com tudo isso.
Chega de disputas ideológicas entre parentes. É hora de se afastar de vez daqueles que não comungam com os nossos sentimentos. Bloquear as mensagens e as redes sociais para não brigar em público. Esquece o sangue do meu sangue. Vamos conviver somente com quem pensa igual a nós, que se resume a nós mesmos. Até porque todos os demais pensam diferente. Só não pode depois reclamar da solidão no convívio social.
Viver em sociedade pode parecer difícil, mas é o destino daqueles que nasceram nesta época, onde ninguém consegue permanecer ermitão, isolado do mundo numa caverna. Precisamos aprender a respeitar para sermos respeitados. O outro será sempre um estranho, por mais íntimo que nos seja. Tratemos, pois, com todo amor que merece.
Acabou o carnaval, é hora de recolocarmos as máscaras para podermos voltar a conviver normalmente em sociedade!