A IRA DE GHIGNATTI

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A IRA DE GHIGNATTI
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29 de fevereiro de 2020 - gg2902

O prefeito Sérgio Ghignatti tem declarado em todo o lugar a quem quiser ouvir que não concede entrevista aos veículos de comunicação ligados com a Família Germanos. Ele se diz contrariado por críticas ao seu governo como, por exemplo, a não implantação do diário oficial eletrônico gratuito, que permitiria uma economia de cerca de R$ 500 mil por ano aos cofre públicos. Mas o prefeito prefere investir esteve valor em publicações impressas. Por não conseguir dominar via dinheiro público, os veículos do grupo de comunicação, acaba mirando em outra empresa ligada aos mesmos proprietários: a Transporte Nossa Senhora das Graças (TNSG). A perseguição ficou explícita com as declarações do próprio Ghigatti. “Só nos cabe lamentar uma posição tão pequena por parte de alguém que ocupa um cargo tão importante no Município”, comentou o empresário Rogério Germanos, ligado ao grupo de comunicação e com a TNSG. “Mas não vai nos afastar nenhum centímetro de nossa linha de atuação e independência do dinheiro público vindo da Prefeitura. Continuaremos mostrando o que está errado em Cachoeira. É nosso compromisso com nosso público”, completou Germanos, em nome das rádios do grupo, além do Portal OCorreio.

Foto: OC/Arquivo

Germanos ainda repudia a estratégia de Ghignatti em atacar a empresa de transporte público para atingir o grupo de comunicação que não depende de verba da Prefeitura (vinda dos impostos e taxas pagos pela população). “A independência de nossas rádios e do portal de notícias vai seguir, indiferente a qualquer plano mesquinho de quem utiliza de sua posição e cargo público. É uma pena. Deveria pensar em melhorar a vida dos cachoeirenses e não usar seu cargo para interesses pessoais”, argumenta o empresário. “Temos uma missão a cumprir o papel em defesa da coletividade”, acrescenta.

As reportagens que revelam problemas na gestão de Ghignatti e os comentários sobre o real cenário que assola Cachoeira do Sul desde o começo de seu mandato são compartilhados com a população cachoeirense sob a convicção de que saber a verdade transformará o Município para melhor, de acordo com a direção do grupo. “A perseguição contra os veículos de comunicação do grupo de comunicação sob direção da Família Germanos é motivada por nossa independência. Ao contrário do que faz em outro veículo, onde repassa dinheiro público, mesmo sem precisar. Ele não aguenta ser contrariado. Prefere dar entrevistas onde não vão perguntar o que realmente importa”, finaliza Germanos. “Para nos atingir, ataca a TNSG”, resume. “Não adianta. Vamos seguir”, comemora o empresário.

Saiba mais

Com a implantação do diário eletrônico, em quatro anos de governo, seriam economizados R$ 2 milhões, recurso que poderia ter uma destinação especial na área da saúde para recuperação de viaturas abandonada no pátio da pasta, no Hospital da Liga, no Bairro Barcelos. A verba ainda poderia ser usada em unidades básicas de saúde (UBS), como é o caso das UBS dos bairros Parque Primavera e Quinta da Boa Vista.

Poderia também adquirir novas geladeiras para os postos de saúde dos bairros Promorar e Carvalho. Ao externar sua posição de negar entrevistas ao grupo de comunicação, o prefeito evidencia não aceitar ser cobrado pela escuridão da cidade, a falta de saneamento e limpeza das ruas da periferia, as irregularidades em ruas pavimentadas, a buraqueira e entupimento de bueiros e o abandono das praças. A preferência em apenas responder questões convenientes ao seu interesse político, a relação é completada com a falta de um projeto de governo, que prefere investir cerca de R$ 300 mil em uma rotatória, enquanto os moradores dos bairros estão diariamente cobrando melhorias da Prefeitura.

Para se ter uma ideia, a Praça José Bonifácio, no centro da cidade, e localizada em frente ao consultório do prefeito – que é médico – está abandonada. A pracinha das crianças é exemplo de descaso com a comunidade. Na praça ainda há falta de iluminação, passeio público adequado e replantio de árvores. Neste contexto, outras praças se somam a este abandono como é o caso do Bairro Carvalho, do Parque Scopel e Tupinambá, onde há onde a escuridão assusta os moradores.

HISTÓRICO

Ghignatti está no seu oitavo ano comandando a Prefeitura. Seu primeiro mandato foi de 2009 a 2012. Em 2017 foi reeleito para mais quatro anos. Neste meio tempo, além de privilegiar outros veículos de comunicação, o prefeito mantém uma linha de discriminação com o SFC, porque os proprietários são a família Germanos, a qual detém a concessão do serviço de transporte coletivo na cidade. Com relação ao transporte coletivo, efetuado pela TNSG, o prefeito não cumpre a lei. Em oito anos de governo, concedeu apenas quatro reposição de passagens (mesmo assim não integrais), que inviabiliza a empresa. “Apesar desta situação, a empresa mantém seu grupo de colaboradores, cumpre suas linhas de serviço e mantém sua frota em funcionamento”, lembra Germanos.

A ira ghignattiana contra quem ousa apontar seus erros não é de hoje. Cabe citar o termo “GEIPOT”. A sigla caracteriza a Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, organização estatal federal que se responsabilizava pelo planejamento dos transportes do Brasil. Foi criada em 1965, como Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes – de onde vem a sigla. A chamada “Planilha GEIPOT” sustentou a metodologia brasileira para apurar custos do transporte público por ônibus e definir tarifas. Ghignatti foi o primeiro a desrespeitar a planilha, conforme apontam registros que mostram a postura sempre adotada pelo prefeito contra seus desafetos, utilizando artifícios indevidos para a posição durante seus mandatos.

E AÍ, PREFEITO?

A Prefeitura, como não concede pelo menos a reposição da inflação no preço nas tarifas, o que deveria ser um procedimento anual, descumpre a legislação porque é o poder concedente. O posicionamento do prefeito é um claro exemplo de irresponsabilidade administrativa. Ghignatti mistura a
questão política com a função de administrar, porque não pensa na comunidade que diariamente utiliza o serviço coletivo. Mantém ruas esburacadas nas áreas de trajeto dos ônibus e não faz questão de reconhecer seu procedimento totalmente infantil como um gestor público.

Pela Lei Federal 8987, de 13 de fevereiro de 1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
prestação de serviços, o prefeito vir às costas. Em seu artigo 29, inciso V, por exemplo, está especificado que o poder concedente é responsável por “homologar reajustes e proceder a revisão de tarifas”. Na prática, o prefeito é responsável pelo equilíbrio financeiro do sistema.

Além disso, a Lei do Plano Real de número 9.069, de 29 de junho de 1995, determina revisão uma vez por ano das tarifas dos ônibus. Esta é a prova de como age e pensa Ghignatti que mistura em sua gestão instabilidade e descaso com o serviço público de transporte coletivo urbano.

A EMPRESA

A Transporte Nossa Senhora das Graças atua há 66 anos no transporte coletivo urbano de Cachoeira do Sul. Mantém em seu quadro que impacta diretamente cerca de 130 famílias, e cumpre com suas obrigações para a economia do município. Tem uma atuação de parceria e solidariedade com a comunidade no transporte para instituições sociais e escolas. A manutenção de suas atividades depende da atualização de tarifas para cumprir seus compromissos fiscais, mas para o prefeito isto não interessa.

Diariamente, os coletivos trafegam em ruas esburacadas onde usuários frequentam paradas abandonadas e sem sinalização. O descaso é total devido à ira do prefeito, mas por conseguinte com a falta de respeito com a comunidade que necessita diariamente do transporte coletivo.