A preguiça salvará a humanidade. Caminhamos para um cenário no qual a experiência valerá por ela mesma. A partir de algo real ou não. De nada importará se de fato estaremos em um novo país ou explorando uma floresta de verdade. Desde que o processo gerado seja suficientemente capaz de fazer nossa mente acreditar, independentemente de termos a informação prévia de que será uma simulação.
Real ou simulado: do que importa? A distância entre os dois cenários será curta em termos de experimentação sensorial. Resultado do avanço tecnológico. A próxima etapa será a introdução de peças nos corpos humanos. A tecnologia que estava fora de nós passará a estar em nós.
Vamos ilustrar por meio de algum exemplo. Viagens. Vamos projetar como serão. Chegará o tempo em que viajaremos para Paris e sentiremos a emoção de visitar a torre mais famosa do mundo até degustar da culinária francesa em sensações tão bem construídas que nossa mente simplesmente não conseguirá diferençar entre real e simulação.
Do ponto de vista de mercado de trabalho, ainda haverá vendas de pacotes, dentro do exemplo. Mas vamos avançar: chegará o tempo em que a tecnologia será acessível a todos, inclusive aqueles menos adaptados ao seu manuseio. Será tão simples e intuitivo que todos poderiam fazer. Poderia. É nesse exato ponto que voltamos para a frase inicial: a preguiça salvará a humanidade.
Passaremos por uma inevitável fase de mudanças. Os avós do futuro contarão como era bom antes, quando era preciso viver uma experiência para transformar em memória. Os mais jovens rirão. Debocharão. Tudo em vão. Afinal, será inevitável. No entanto, a preguiça em fazer dará espaço por pagar para fazerem. Tudo o que qualquer um poderia fazer por sua própria conta passará pelo filtro fatal da preguiça humana. O mercado de trabalho será salvo assim. Os clientes serão aqueles preguiçosos que têm a tecnologia instintiva disponível. Na outra ponta, profissionais que sabem tanto quanto os clientes. A única – e básica – diferença será resistir ao clamor da preguiça e fazer para serem pagos. Em dinheiro? Claro que não. Ainda não percebeu que formamos a última geração que usará dinheiro em papel?