Saiba o que faz Cachoeira do Sul ser destaque no olivoturismo

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Saiba o que faz Cachoeira do Sul ser destaque no olivoturismo
RURAL
4 de novembro de 2021 - 04100058_130790_GDO

Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

Você sabe o que é olivoturismo? É a área do turismo que se dedica a mostrar aos visitantes como é feito o cultivo das oliveiras, a produção das azeitonas, a elaboração e a degustação dos azeites extravirgens. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, com a evolução da produção de azeite, o Rio Grande do Sul tem atrações para os turistas que buscam experiências inéditas em suas viagens. “O segmento está crescendo, e considero a olivicultura a nova fronteira do turismo”.

Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

Para a diretora do Ibraoliva e sócia-proprietária do azeite Don José, Rosane Abdala, o olivoturismo é uma oportunidade que os produtores possuem de ter uma renda extra. “A oliveira demora para produzir, em média, cinco anos, mas ela está em plena produção a partir dos oito ou dez anos. Então, neste período, o turismo ajuda muito na manutenção, em toda a estrutura, na cadeia de produção do azeite”, destaca. “É uma atividade que vem crescendo. O olivoturismo está entrando na região da Campanha, por exemplo, como uma oportunidade, uma opção para as pessoas que querem curtir, passear e ver algo diferente do que estão acostumados nos grandes centros”, pontua Rosane.

Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

De acordo com a diretora, o turismo, em todas as suas formas, está trazendo de volta para as propriedades rurais os jovens. “Quando recebemos grupos, precisamos não só da mão de obra para nos auxiliar e fazer o cardápio, mas são vários outros produtos que agregamos. E isso aumenta a renda de outras pessoas que estão envolvidas nisso. Entendo que para as propriedades rurais, para a juventude que saiu do campo é uma opção maravilhosa, porque tu manténs o contato, te mantém atualizado, fazendo uma atividade extremamente gratificante”, diz Rosane.

Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

Por sua vez, o coordenador do Programa Pró-Oliva da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Paulo Lipp João, acredita que o olivoturismo é uma alternativa tanto para diversificar a renda dos produtores, quanto para o público que quer conhecer a magia das oliveiras e dos azeites. “É algo novo e diferente que está aqui no Rio Grande do Sul bem acessível aos turistas de todo o Brasil. A SEAPDR, através do Programa Pró-Oliva, está divulgando os locais e os contatos para os interessados em conhecer a produção e degustar excelentes azeites extravirgens gaúchos”, observa.

Olivas do Sul

Alameda das Centenárias possui árvores de 130 anos / Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

Caminhar pela Alameda das Centenárias, no Pomar Olivas do Sul, em Cachoeira do Sul, é voltar no tempo. As 66 oliveiras de 130 anos, que foram resgatadas e replantadas em 2011 pelo casal Vani e José Alberto Aued, emanam a energia desses vegetais que podem chegar aos milhares de anos de vida. Elas se juntam às outras oliveiras mais jovens, somando 7.500 árvores em 25 hectares. “A primeira muda foi em julho de 2006”, conta Vani, que tem a expectativa de colher até 200 toneladas de azeitonas na safra 2021-2022.

José Alberto Aued explica que, no início, eram 12,7 hectares, com 3.500 árvores. “Queríamos demonstrar que uma pequena propriedade não precisava ser só autossustentável, mas poderia ser altamente rentável. E queríamos uma cultura que fosse diferente de tudo o que existia na época. A gente não sabia se o Rio Grande do Sul podia produzir oliveiras. Então, entramos de cabeça para mostrar se isso era ou não possível. Usamos recursos técnicos e pesquisas de universidades para o planejamento do negócio”, enfatiza.

Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

De descendência árabe, Aued aprendeu que tinha que montar seu negócio considerando o erro dos outros. “Só que tivemos que aprender com nossos próprios erros, pois fomos pioneiros. Aprendemos a adaptar a olivicultura para o solo e o clima do Rio Grande do Sul. Estamos satisfeitos, pois cumprimos nosso objetivo. Basta olhar para nosso pomar de 23 variedades de oliveiras, sendo as principais: Koroneiki (grega); Arbequina, Arbosana e Manzanilla (espanholas); e Coratina (italiana)”, destaca. “Produzimos e comercializamos o primeiro azeite de oliva extravirgem do Brasil e o primeiro, em 2011, a constar no Flos Olei – catálogo que reúne os melhores 500 azeites do mundo. Além dos cinco monovarietais, produzimos dois blends (mistura dos azeites): o Blend Riserva D’oro e o Blend Centenária. Já recebemos mais de 50 prêmios pelos nossos azeites”, reforça o produtor.

Além do pomar em Cachoeira do Sul, a empresa possui um em Encruzilhada do Sul, desde 2017, com 26 mil oliveiras em 90 hectares. A expectativa de colheita para a safra 2021-2022 é de até 80 mil quilos de azeitona.

A Olivas do Sul também oferece olivoturismo, mesmo antes da modalidade existir. “Em 2008, ninguém ainda falava nesse tipo de turismo aqui no Estado, e a gente já recebia excursões de estudantes universitários, empresários e investidores interessados em conhecer a cultura. Muitos dos que vieram investiram em pomares de oliveiras. A Olivas do Sul é uma grande incentivadora da olivicultura desde o começo, já ajudamos muita gente a implantar seus pomares. Desde o início, já recebemos milhares de visitantes do Brasil e do exterior”, comenta Aued.

Descendentes de gregos aprendem a degustar o azeite de oliva / Crédito: Fernando Dias/SEAPDR

Os turistas que conhecem a Olivas do Sul aprendem a degustar os azeites, a diferenciar os bons dos maus azeites (ou falsificados) e passeiam pela Alameda das Centenárias. Foi o que aconteceu com o grupo de oito descendentes de gregos das famílias Blazoudakis e Isdra, que participam da Colônia Grega em Porto Alegre. A azeitóloga e sommelier de azeite Ana Tassia Blazoudakis realizou uma análise sensorial de como degustar o produto. “Estamos criando uma cultura do sabor. O olivoturismo, dentro da olivocultura, vem crescendo bastante, portanto, a gente está fomentando um mercado em crescimento, porque promove não só uma cidade, não só um produtor, mas a região inteira”.

A empresária e fazendeira Sophie Isdra, de 72 anos, adorou a análise sensorial. “Tenho muito interesse em aprender sobre azeite de oliva. É maravilhoso, porque é conhecimento. E tudo que se aprende é impossível de ser roubado”.

Sobre a Rota das Oliveiras

Instituída por lei estadual, em 2019, a Rota das Oliveiras visa incentivar o turismo rural associado à olivicultura, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento deste setor que cresce no Rio Grande do Sul. Fazem parte os municípios de Bagé, Barra do Ribeiro, Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul, Camaquã, Candiota, Canguçu, Dom Feliciano, Dom Pedrito, Encruzilhada do Sul, Formigueiro, Hulha Negra, Pantano Grande, Pinheiro Machado, Piratini, Restinga Seca, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel, São João do Polêsine, São Sepé, Sentinela do Sul e Vila Nova do Sul.

Em uma segunda etapa devem constar: Arroio dos Ratos, Bom Jesus, Chuvisca, Glorinha, Gramado, Ibirama, Mariana Pimentel, Pedras Altas, Restinga Seca, São Francisco de Paula, Sertão Santana, Triunfo, Vacaria, Vale Verde e Viamão.

Mais de 40 marcas de azeite já são comercializadas por produtores gaúchos e muitos locais estão abertos à visitação no Rio Grande do Sul.