Que saudade da confraria!

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Que saudade da confraria!
MILOS SILVEIRA
25 de abril de 2021 - milos 2

Foto: Divulgação

Quando peguei a covid-19, uma das coisas que mais me incomodaram foi, sem sombra de dúvida, a parte de não poder sequer sair do portão de casa. Maldita clausura! Como é bom estar na rua. E, no meu, no nosso caso (eu, esposa e filho), o pior de tudo é que pegamos o vírus bem na virada do ano. Fomos diagnosticados em 29 de dezembro e passamos o réveillon em casa, sem poder ao menos dar um abraço nas pessoas que amamos.

Porque sim, eu não mudei tão drasticamente assim a minha rotina por causa da pandemia. É claro que estou menos nas ruas, tenho tido bem menos contato com grande parte das pessoas das minhas relações, mas isso não inclui – de forma alguma – as pessoas realmente próximas, as “de casa” mesmo. Porque – anotem aí! – o “vírus” da solidão e da saudade é mais letal que o sars-cov-2. Anotem aí!

É preciso separar o joio do trigo do que se lê e do que se ouve no meio das avalanches diárias de informação propagadas pelo rádio, pela TV e pela internet. E digo mais: é preciso, principalmente, trabalhar o psicológico, dar um tempo, sair um pouco da frente da TV. Isso não é se alienar e nem disseminar a alienação. É bom senso, é pegar um pouco de sol, é respirar fundo. Só isso. Até porque enlouquecer não vai te ajudar em nada e muito menos mandar o vírus embora.

Tem gente amiga mesmo que não tenho contato pessoal desde março do ano passado, quando a pandemia foi declarada oficialmente. Um exemplo são os integrantes da nossa confraria. Como cada um tem um tipo de atividade profissional diferente e alguns até viajam a trabalho durante a semana, a responsabilidade tem de falar mais alto.

Apagou-se a brasa na churrasqueira. Não tem mais carne pingando na brasa e nem cerveja na cervejeira. Pelo menos por enquanto, até que todos estejam vacinados. Que saudade do El Porón, que saudade da confraria!

Que saudade de resolver os problemas do Brasil, do Rio Grande e principalmente de Cachoeira entre um gole e outro, entre um pedaço e outro pedaço de carne! Que saudade de trocar informações, de contar e de ouvir as fofocas da política da cidade! Por whats não tem graça. Tem que ser lá, naquela atmosfera, com aquele cheiro daquela carne assada com a maestria do Jacobi, com a música do Augusto, com a conversa inteligente do Gustavo, com a experiência do Cacau, com as boas histórias do Simonetti. E que falta faz o Béco, hoje cidadão de Manaus (AM), uma enciclopédia de histórias da noite de Cachoeira.

Que saudade dessa turma! Só pela vacina!