As complicações mais agudas da covid-19 começam a acometer pacientes cada vez mais jovens em Cachoeira do Sul. Nos últimos dias, vem crescendo o número de internações na UTI Covid do Hospital de Caridade e Beneficência de pessoas de menos idade com quadro considerado grave da doença, inclusive com necessidade de serem intubados, e alguns casos com evolução a óbito, como o paciente de 33 anos que faleceu no último domingo (28).
O estágio em que se encontra a pandemia em Cachoeira do Sul preocupa autoridades da área da saúde. O superintendente do HCB, Luciano Morschel, afirma que a instituição chegou a uma “situação de emergência”, por conta do aumento das hospitalizações e do número de quadros graves. Segundo Morschel, o HCB só não está ainda mais sobrecarregado porque cinco leitos extras foram desocupados por pacientes contaminados que acabaram falecendo desde a última sexta-feira (26).
“Estamos num momento de superlotação com pacientes graves”, alertou Morschel, nesta terça-feira (2), em entrevista ao programa Rádio Repórter, da Rádio Fandango. A situação é tão grave que a direção do HCB estuda ampliar o atendimento a pacientes graves para a sala de recuperação e o pronto-atendimento do HCB e também para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA Zona Norte).
MAIS JOVENS
De acordo com o último boletim diário da área de isolamento do HCB, dos 11 pacientes que encontram-se internados na UTI Covid, quatro são mais jovens. Trata-se de uma mulher e um homem – ambos com 28 anos – em estado grave, uma mulher de 39 também em estado grave e um homem de 43 em estado gravíssimo.
Esse fenômeno chama a atenção das autoridades, pois desde o início da pandemia a maioria os casos mais graves era de pacientes idosos, acima de 60 anos. No entanto, o aumento no número de casos de jovens em quadro mais grave nos últimos dias e o óbito do paciente de 33 anos no último domingo, em pleno período de bandeira preta, acendeu o sinal vermelho em Cachoeira do Sul.
Outra situação que preocupa as autoridades é a realização de festas clandestinas. No último final de semana, a fiscalização da Prefeitura recebeu denúncias de confraternizações de jovens em vários pontos da cidade e do interior. Na Forqueta, por exemplo, há informações de que uma festa reuniu dezenas de jovens numa propriedade particular.
CURVA ASCENDENTE DE CONTAMINADOS
Se nos períodos mais brandos da pandemia o centro de triagem da UPA Zona Norte registrava uma média de 40 atendimentos por dia, hoje esse número subiu para 90 pessoas que procuram o local diariamente. Nesta segunda-feira (1º), foram 119. Isso significa que a curva de pacientes contaminados está em alta, no pior momento, o que acaba demandando um esforço maior da rede de atendimento que mal consegue dar conta de tanta gente infectada. “Agora é o momento de parar um pouquinho para diminuir essa curva”, alerta o superintendente Luciano Morschel.
Sem previsão para chegada de vacina em Cachoeira
O prefeito José Otávio Germano está preocupado com a situação da pandemia em Cachoeira do Sul. Sem perspectiva para a chegada de novas doses de vacinas contra a covid-19 na cidade, ele se diz de mãos amarradas e classifica como “confusão” a gestão do governo federal na remessa de doses para os municípios.
“Eu não posso comprar nenhuma dose da vacina, porque não acho onde comprar. Se eu comprar, eu não tenho nenhuma garantia de que ela chegará a Cachoeira, porque o governo federal pode pegá-la na chegada ao Brasil e usá-la em outro lugar do país com o nosso dinheiro”, comentou José Otávio, no final da manhã desta terça-feira.
Nesta segunda-feira (1º), o prefeito José Otávio recebeu da secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, a informação de que o HCB de Cachoeira do Sul foi contemplado com cinco novos respiradores para equipar cinco leitos extras de UTI Covid. Os equipamentos já chegaram à cidade para serem utilizados no tratamento de pacientes com complicações respiratórias causadas pelo novo coronavírus.
CAÇA AOS INFRATORES
José Otávio ressaltou nesta terça-feira que a ordem do governo é para que a fiscalização municipal feche as portas de estabelecimentos que desobedecerem as regras da bandeira preta no distanciamento controlado. Isso significa que bares, restaurantes, lancherias, e outros empreendimentos que tradicionalmente estimulam a permanência de clientes consumindo produtos ou serviços estarão sujeitos a terem suas atividades suspensas se trabalharem de forma diferente das que estão estabelecidas, como o pague e leve e tele-entrega.