Não seria uma missão das mais fáceis falar de jogadores de futebol nascidos em Cachoeira do Sul sem mencionar Luiz Carvalho, que jogou por anos no Grêmio e é até hoje o maior artilheiro do Tricolor em Gre-Nais. Como se isso não fosse o bastante, depois de aposentado o ex-centroavante treinou o clube e chegou a ser seu presidente, em 1974. Assim, não é de surpreender que, como informado numa matéria do site Futebol na Rede em 2014, o centro de treinamento do Grêmio –inaugurado em setembro daquele ano – tenha recebido o nome de Centro de Treinamento Presidente Luiz Carvalho.
Desde então, outros jogadores nascidos na cidade tiveram passagens por diferentes clubes do Brasil, com destaque para o lateral-direito Luisinho Netto, que é até hoje lembrado pela torcida do Athletico Paranaense. E, mais recentemente, pode-se verificar que atletas de Cachoeira do Sul vêm conseguindo cada vez mais
oportunidades também no exterior. É o caso, por exemplo, do volante Karl, atualmente no Paraná Clube, mas que já jogou em Portugal, e do lateral-direito Maicon, que fez a maior parte da carreira na Itália e recentemente esteve nos Estados Unidos.
Consequências imediatas do desenvolvimento do futebol gaúcho
Esses são alguns exemplos da capacidade que o futebol gaúcho tem de revelar jogadores, o que ficou ainda mais evidente quando tivemos um Gre-Nal na final da última Copa São Paulo de Futebol Júnior. Por outro lado, em termos de desenvolvimento de atletas, não cabe dúvidas de que é o Grêmio que vem fazendo um
trabalho mais bem-sucedido – quer estes atletas tenham sido revelados na base do Tricolor ou não. Basta lembrar da projeção que o clube deu recentemente a jogadores como Everton Cebolinha (atualmente no Benfica de Portugal), Luan (que está no Corinthians) ou mesmo Jael (que do Grêmio saiu para o FC Tokyo).
Muito do sucesso de tais jogadores com passagens pelo Tricolor nos últimos anos se deve, em parte, a Renato Portaluppi, que é treinador do clube desde 2016. A capacidade que Renato tem de identificar os pontos fortes de um atleta e ajudá-lo a evoluir taticamente vem fazendo com que o gaúcho seja considerado por jornalistas esportivos e ex-jogadores como um dos melhores treinadores em atividade no futebol brasileiro. Consequentemente, a cada ano que passa Renato vem se tornando um candidato cada vez mais forte para substituir o também gaúcho Tite no comando da seleção brasileira.
No entanto, é provável que ainda tenhamos que esperar mais dois anos para saber quem será, de fato, o sucessor do atual treinador da seleção. Isso porque a Canarinho sob o comando de Tite vem tendo um desempenho tão consistente desde 2016 que atualmente a seleção brasileira é a favorita para a conquista da Copa do Mundo de 2022. Uma das melhores evidências disso é que, em 17 de dezembro, no site de
apostas esportivas da Betway, o retorno pelo hexa do Brasil no Catar era de 7.00, enquanto o retorno oferecido pelo tricampeonato da atual campeã França era de 8.00.
Jogadores brasileiros: oferta e demanda ao redor do mundo
Para entendermos isso, é fundamental falarmos da grande quantidade de jogadores profissionais brasileiros. Por um lado, é justo que se diga que Neymar seja hoje o único grande astro do país – o que justifica todo o dinheiro nele investido por empresas como a Red Bull –, mas tampouco se pode negar que o Brasil tem tantos clubes e jogadores que é quase inevitável que surjam a todo momento bons valores. Assim, muitas vezes a questão é saber desenvolvê-los para que estes se tornem profissionais capazes de jogar em alto nível também na seleção, onde a cobrança é muito maior. E, de certa forma, é o que vem acontecendo: como bem observou Rodolfo Rodrigues em sua coluna no UOL em novembro passado, o aproveitamento da equipe de Tite com ou sem Neymar em campo tem sido praticamente o mesmo.
Assim, enquanto uma seleção como o Uruguai – cuja população é de pouco mais da metade da cidade do Rio de Janeiro – precisa aproveitar ao máximo os poucos grandes jogadores que tem – dos quais os maiores destaques atualmente são Luis Suárez e Edinson Cavani, ambos já com 33 anos –, o problema do Brasil, na maior parte do tempo, é um pouco diferente: como fazer com que os seus jogadores apresentem pela seleção o mesmo futebol que apresentam por seus clubes? E é justamente o sucesso dos jogadores brasileiros a nível nacional e internacional que faz com que tantos Karls e Maicons saiam de Cachoeira do Sul para encontrar oportunidades tanto na Europa quanto na América do Norte.