Alguns dias atrás, lendo para minha filha mais nova um livro de Chico Buarque, chamado Chapeuzinho Amarelo, eu fiquei me perguntando sobre o medo. Do que será realmente temos medo na vida, quem é esse medo, é um lobo ou um bolo como descreve brilhantemente o autor em suas páginas infantis cheias de novos olhares sobre o mundo. Chapeuzinho Amarelo, a menina que tinha medo de tudo (ou achava que tinha) mas que, de todos os medos que tinha, o medo do lobo era o maior deles, ela sentia medo do tal de lobo que ela nem tinha certeza que existia, mas ela tinha medo. Nossa personagem , ao longo da história vai enfrentando gradualmente o seu temor do lobo, até que um dia ele enfrenta o “medo do medo” encarou o lobo de frente, e neste dia o lobo ficou tão chateado e envergonhado ,porque ela não teve mais medo, e então o lobo sentiu-se um arremedo de lobo, afinal, sem o medo da chapeuzinho ele não era mais nada…
Essa história me fez pensar no que era o medo e como podemos encarar esse lobo de frente. E do quanto o medo vem fazendo parte do nosso dia a dia.
Mas quem é esse medo? Na psicologia da emoção, o medo é considerado uma resposta adaptativa saudável a uma ameaça ou perigo iminente, é um alarme primitivo em resposta a um perigo presente e quer mobilizar fortemente nossas defesas para um esquema de luta ou fuga. A fuga pode parecer algo mais sensato a se fazer se a gente pensar que não podemos sair por aí lutando com as pessoas como os desenhos animados dos homens das cavernas. No entanto, não encarar o lobo de frente como fez a Chapeuzinho, mesmo que aos poucos, (porque é assim mesmo, a gente perde o medo aos poucos) pode ter consequências desastrosas.
Vivemos o momento de maior medo que a maioria de nós já viveu, um vírus invisível e que pode ser letal, transformou nossa vida da noite para o dia. Medo de adoecer e de adoecer os outros, de perder o emprego, medo de ter esquecido de higienizar alguma coisa antes de entrar em casa. e o medo de sentir medo.
Alguns de nossos medos são adaptativos como eu falei logo acima, mas outros nem tanto, por tomarem proporções gigantes e causarem muito sofrimento em quem sente, então é muito importante compreender um pouco o que e porque acontece com cada um, e o grau de sofrimento emocional que isso gera.
Assim como a Chapeuzinho, que perdeu a fragilidade e o medo nas palavras de Chico Buarque ao olhar o lobo de frente, encarando e vencendo os desafios página após página para encarar o lobo e descobrir que o lobo não causava mais medo.
E você leitor, tem medo de quê?
Vanessa Santos – Psicóloga CRP 07/25298
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