Estado tem um infectado a cada 214 habitantes, aponta quinta etapa de pesquisa de prevalência de Covid-19

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Estado tem um infectado a cada 214 habitantes, aponta quinta etapa de pesquisa de prevalência de Covid-19
ATUALIZAÇÃO / COVID-19
1 de julho de 2020 - leite0107

Crédito: Felipe Dalla Valle

A pesquisa de prevalência da Covid-19 na população gaúcha mostra que a disseminação do Coronavírus aumentou no Rio Grande do Sul. Os números da quinta etapa do estudo, divulgados nesta quarta-feira (1°) pelo governo do Estado e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em transmissão ao vivo nas redes sociais, apontam que há um infectado a cada 214 habitantes. Os dados estimam que mais de 53 mil pessoas (de 32.891 a 81.059, pela margem de erro da pesquisa) têm ou já tiveram o vírus na população gaúcha. “A pesquisa, inédita e que ganhou proporção nacional, é um dos parâmetros utilizados para definir as medidas adotadas no enfrentamento ao Coronavírus. Essa parceria com a comunidade científica nos dá segurança, e nos dá uma orientação mais segura sobre o que devemos e o que não devemos fazer”, reforçou o governador Eduardo Leite. “Além de a pesquisa apontar aumento na disseminação do vírus pelo Estado, também mostra que a população não está obedecendo ao distanciamento social com o mesmo afinco que fazia em abril. Sabíamos que isso ocorreria, mas volto a chamar atenção para o fato de que estamos vivendo o momento mais delicado da pandemia até agora, e a colaboração de cada gaúcho e de cada gaúcha é essencial”, alertou.

A quinta etapa do estudo Epidemiologia da Covid-19 no RS (Epicovid19-RS) é a primeira da segunda fase de aplicação de testes rápidos, que segue o mesmo funcionamento das etapas anteriores, com exceção da diferença de intervalo entre as rodadas. O resultado da quarta etapa havia sido divulgado no dia 27 de maio. Entre os dias 27 e 29 de junho, foram testadas 4,5 mil pessoas nas nove cidades selecionadas: Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Santa Maria, Uruguaiana, Santa Cruz do Sul, Ijuí, Passo Fundo e Caxias do Sul. “Diante da impossibilidade de realizar testes em toda a população, essa nova fase do estudo é importante para acompanharmos a evolução da pandemia”, afirmou a coordenadora do Comitê de Dados, Leany Lemos.

Epicovid19 fase 5 1
De acordo com o resultado dos testes aplicados nesta etapa, estima-se que haja 53.094 pessoas já com anticorpos no Estado, equivalente a 0,47% da população. Na rodada anterior, no final de maio, as projeções eram de 20.226 pessoas infectadas pelo vírus (0,18% da população).

Dos 4,5 mil testes , 21 deram resultado positivo para coronavírus: quatro em Caxias do Sul, três em Uruguaiana, Ijuí, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo; dois em Porto Alegre e Canoas, e um em Pelotas. Santa Maria foi a única cidade selecionada pela pesquisa que não teve nenhum resultado positivo. “Estamos percebendo 400, 500 casos novos por dia no Estado. Ainda estamos em um momento no qual é possível que esses novos casos sintomáticos sejam testados, assim como seus contactantes, com uma busca ativa e isolamento dessas pessoas. Sabemos que as medidas de distanciamento social, tão bem elaboradas pelo governo do Estado, podem não ter o efeito desejado se não forem acompanhadas de ampla testagem”, alertou o epidemiologista e professor emérito da UFPel, Fernando Barros, responsável por apresentar os resultados da quinta etapa na transmissão ao vivo.

Os novos dados estimam que haja um infectado a cada 214 gaúchos – na testagem anterior, havia um caso positivo a cada 562 pessoas; na terceira, um a cada 454 pessoas; na segunda, um a cada 769 e na rodada inicial, um a cada 2 mil.

Para cada 1 milhão de habitantes do Rio Grande do Sul, estima-se que existam 4.667 infectados reais e 2.219 notificações. Para cada caso notificado, portanto, existem cerca de dois casos não notificados.

A EpiCovid19-RS ainda tem previstas três etapas: a sexta etapa deve ocorrer de 25 a 27 de julho; a sétima, de 22 a 24 de agosto; e a oitava, de 26 a 28 de setembro.

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Distanciamento Controlado

Se comparados à quarta etapa da pesquisa, os dados da quinta etapa mostram que o percentual de pessoas que está seguindo as orientações de distanciamento social diminuiu nesse intervalo de um mês: apenas 12,7% dos entrevistados alegou estar sempre em casa. No final de maio, eram 14,5% dos entrevistados. “Estamos monitorando, sempre com o dedo no pulso, a evolução da doença no Estado. Com o aumento de internações que percebemos, restringimos algumas atividades, e se não houver diminuição na velocidade de contágio, teremos de restringir ainda mais, com a migração de algumas regiões de bandeira vermelha para preta. Está nas mãos de toda a sociedade. Todos, juntos, podemos evitar que haja maiores restrições”, alertou o governador Eduardo Leite.

Apenas 12,7% dos entrevistados alega estar sempre em casa. No final de maio, eram 14,5% dos entrevistados. As pessoas que só saem para cumprir atividades essenciais correspondem a 54,6% dos entrevistados e aquelas que saem diariamente são 32,7% dos entrevistados. No final de maio, 54% dos entrevistados saia para atividades essenciais, e 31,5% relatava sair diariamente. “Levando em consideração a implementação do Distanciamento Controlado e as atitudes individuais, percebe-se, do início de abril ao final de junho, uma diminuição dos cuidados e da obediência aos protocolos de prevenção. Vemos isso com preocupação, especialmente neste momento em que vemos a velocidade de contágio aumentando”, alertou o professor Fernando Barros.

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Letalidade

A letalidade baseada no total de casos é de 1,1%, com uma relação de 559 mortes para cada 53.094 casos. Isso porque a pesquisa considera que haja dois casos para cada notificação – ou seja, o Rio Grande do Sul não teria cerca de 27 mil casos confirmados, mas sim, mais de 53 mil. “É um número bastante elevado, se comparado ao total de óbitos causados com outras infecções respiratórias”, explicou o professor Fernando Barros. No entanto, se os dados considerados forem os casos confirmados, a letalidade é 2,2%, com 559 mortes para 25.243 casos.

Sintomas mais comuns

Os sintomas mais relatados pelas 21 pessoas que testaram positivo para o coronavírus na quinta etapa da pesquisa foram tosse (45%), dor de garganta (35%) e alterações no olfato/paladar (30%). Dificuldade para respirar (25%), febre (20%) e diarreia (10%) também foram relatados. Essa foi a terceira vez que a pesquisa Epicovid19 divulgou resultados sobre os sintomas.

Lockdown

Embora não tenha apresentado os resultados da pesquisa, como costumeiro, o reitor da UFPel, Pedro Hallal, participou da transmissão ao vivo para esclarecer uma dúvida a respeito da adoção de “lockdown” no Estado. Uma vez que o Epicovid19 tomou proporção nacional e foi replicada em outros Estados, Hallal vem alertando sobre a necessidade de um lockdown rigoroso, de 15 dias, para deter a curva ascendente de casos confirmados e de óbitos por coronavírus.

O reitor explicou, no entanto, que o Rio Grande do Sul tem um acompanhamento da evolução da pandemia que nenhum outro Estado apresenta. “É uma situação muito preocupante em todos os Estados, alguns mais do que outros, mas a recomendação sobre o lockdown é para o país inteiro. De nada adiantaria o Rio Grande do Sul fazer isso sem que outros Estados adotem a mesma medida”, esclareceu. “Se identificarmos essa necessidade para o RS em algum momento, defenderemos isso, e tenho certeza de que o Estado daria o mesmo encaminhamento”, reforçou.

A pesquisa

O Epicovid19 é coordenado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela UFPel, mobilizando uma rede de 12 universidades federais e privadas: Imed Passo Fundo, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade La Salle (Unilasalle-Canoas) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).

O estudo, com custo estimado em R$ 1,5 milhão, tem apoio da Unimed Porto Alegre, do Instituto Cultural Floresta, também da capital gaúcha, e do Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.