A semana promete contar com uma polêmica: a retirada de ambulantes das ruas 7 de Setembro, Júlio de Castilhos e Saldanha Marinho. As notificações entregues não afastaram os vendedores irregulares das calçadas. Além de serem retirados dos pontos onde estão em via pública, as mercadorias também devem ser recolhidas.
Mas para onde irão depois? Uma opção é o camelódromo ou outro espaço que possa ser instalado para abrigar os ambulantes após sua regularização. “Duvido que vão se regularizar”, acredita o prefeito em exercício de Cachoeira do Sul, Cleber Cardoso. A opinião tem base em apurações que seguem em andamento e que apontam a existência de um esquema sustentando o comércio ilegal nas calçadas pela cidade. Conforme o comandante da Brigada Militar (BM), Jaime Soligo, denúncias indicam que os ambulantes seriam abastecidos pelos verdadeiros donos das mercadorias. A suspeita é que os vendedores estariam em uma espécie de atividade similar a trabalho escravo. “Muitas pessoas que criticam a iniciativa da Prefeitura não sabem disso. Existe um grupo por trás deles que ganha mesmo com as vendas. Não são aqueles que passam o dia nas calçadas vendendo as mercadorias”, salienta o prefeito em exercício. “As denúncias são apuradas. Já temos material em análise”, resume o comandante da BM. “Os verdadeiros donos do esquema não querem essa regularização”, completa Cardoso.
Cardoso está ciente da polêmica em torno da decisão da Prefeitura. “Tomamos uma atitude. Não nos omitimos. Quem critica não deve ter emprego no comércio, pois vai contra seu trabalho com carteira assinada”, considera o prefeito em exercício.
A Brigada Militar deve prestar apoio para o setor responsável da Prefeitura na ação, caso haja necessidade. A medida já é alvo de críticas na Câmara de Vereadores. Um exemplo é a petista Telda Assis. “O Brasil com 13 milhões de desempregados, sendo que 11,5 milhões trabalham sem carteira assinada. O nosso Município, nos três últimos anos teve 361 postos de trabalhos extintos. E o vice-prefeito preocupado com os vendedores ambulantes, que estão neste bloco da informalidade, por não terem emprego. Qual é a proposta de trabalho que o Município vai oferecer a estes ambulantes? Tem espaço para eles junto ao Camelódromo?”, questiona a vereadora.
Telda ainda enfatiza a condição de parte dos ambulantes na cidade. “Sabemos que a ‘implicância’ maior são com os imigrantes africanos. O que o Município tem como política aos imigrantes? Tenho certeza que não poderão deixá-los sem teto e sem alimentação. Por que não deixá-los trabalhar?”, finaliza.