De Uber a Tesla, as empresas valem bilhões de dólares e registram perdas astronômicas

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De Uber a Tesla, as empresas valem bilhões de dólares e registram perdas astronômicas
NEGÓCIOS
25 de outubro de 2019 - imagemartigo2510

Foto: Reprodução

Lucro ou perda: a última linha do relatório trimestral de resultados das empresas cotadas é
fundamental para os analistas de mercado. Inclui projeções de curto ou médio prazo e é um indicador da saúde financeira das empresas.

No entanto, para algumas empresas, a lógica é diferente. Algumas empresas avaliadas em
milhões (ou bilhões) de dólares nunca relataram lucros.

A lista está cheia de nomes conhecidos como Uber, WeWork ou Tesla, a empresa de Elon Musk
que terminou alguns trimestres em azul, mas não um ano fiscal completo. Uma situação
semelhante acontece ao Spotify. E o Twitter postou quatro trimestres consecutivos de lucros em outubro do ano passado, mais de uma década após sua criação.

Entre as empresas brasileiras está o Nubank, que faz parte dos chamados unicórnios, que são empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

Há também o caso das empresas que chegam ao mercado de ações com resultados em vermelho.

Lucros ou perdas: nem sempre se trata de números

Uma pesquisa realizada pelo professor Jay Ritter, da University of Florida, mostrou que 81% das 134 ofertas públicas de ações (IPOs) de empresas nos Estados Unidos em 2018 foram feitas por empresas que registraram perdas nos 12 meses anteriores à sua estreia no mercado de ações.

Olhando para trás na história recente, algo semelhante aconteceu no início dos anos 2000, quando a chamada “bolha dotcom” rebentou, quando as empresas de tecnologia foram desperdiçadas. Trata-se essencialmente de ganhar muito dinheiro no futuro.

Em princípio, essas empresas valem muito porque as pessoas que investem nelas acreditam que têm potencial para ganhar muito dinheiro no futuro e, mais importante, porque acreditam que podem vender (sua participação) para outra pessoa por um preço ainda mais alto.

Estas empresas operam em diferentes sectores, embora tenham uma coisa em comum: muitas
são inovadoras ou “perturbadoras” no jargão do mercado.

Trata-se de uma aposta de longo prazo em como será o mundo daqui a 20 anos. No caso da Uber, por exemplo, a aposta dos investidores é que as gerações futuras vão preferir deixar o carro na garagem e depois aumentar a base de clientes potenciais.

A empresa de tecnologia e transporte (que atingiu o mercado em 2010) estreou na Bolsa de Valores de Nova York em maio deste ano com valor de mercado de US$ 82,4 bilhões, apesar de não ter registrado um único trimestre de lucro.

O modelo amazônico

A inspiração para muitos desses modelos de negócios é a história de sucesso da Amazon.

Após a abertura de capital em 1997, o gigante do comércio eletrônico levou quase seis anos a realizar os seus primeiros lucros.

A empresa continuou a publicar resultados modestos nos próximos 14 anos, entre 2003 e 2016, até atingir seu nível atual de faturamento, que ainda é “pequeno” em relação ao crescimento exponencial da receita, diz o professor Gilberto Sarfati, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A título de comparação, no último trimestre fiscal a Amazon registrou lucro líquido de US$ 2,63 bilhões, contra US$ 10 bilhões da Apple.

Isso porque a empresa, e especialmente o seu fundador Jeff Bezos, acredita que a empresa deve manter um alto nível de investimento, inicialmente para construir sua base de clientes, desenvolver novas tecnologias e permanecer inovadora.

E você, teria capacidade para um investimento num prazo tão longo?