Prefeito empurrou “goela abaixo”, diz Hilton após decisão sobre Rotativo

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Prefeito empurrou “goela abaixo”, diz Hilton após decisão sobre Rotativo
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29 de julho de 2019 - rot2

Debate sobre pauta tornou reunião tensa / Foto: OC

Uma tarde tumultuada. Assim foi a reunião envolvendo representantes da Prefeitura e integrantes do Conselho Municipal de Trânsito (Comtran) para debater a implantação do Estacionamento Rotativo pago em Cachoeira do Sul.

Confira a apresentação da proposta:

       

O presidente do Comtran, Hilton De Franceschi, acabou isolado na defesa pelo sistema gratuito. “Vamos experimentar. Não podemos onerar ainda mais a população”, argumentou sem respaldo dos demais presentes. Dos nove conselheiros, apenas De Franceschi estava contra o projeto apresentado pela Prefeitura e que segue em tramitação na Câmara de Vereadores.

Confira trecho da discussão após a apresentação de detalhes sobre o projeto:

     

O vice-prefeito, Cleber Cardoso, conduziu a reunião. Segundo informou, a ata já formaliza consulta ao conselho, anotando a presença de nove membros e oito favoráveis ao projeto. “Sou contra votarmos. Achava que era preciso votar dentro de um ambiente próprio do Comtran. Mas se o prefeito já empurrou ‘goela abaixo’, que seja…”, lamentou De Franceschi.

Valores

Segundo a apresentação, estimativas sugerem uma receita mensal em torno de R$ 164,2 mil com a implantação do sistema em Cachoeira do Sul. Em 10 anos, serão cerca de R$ 19,7 milhões. Já a outorga deve girar em R$ 2,7 milhões, ou seja, aproximadamente R$ 24,6 mil ao mês.

De acordo com dados mostrados, o rotativo sem cobrança – projeto defendido por De Franceschi e aprovado em reunião do Comtran – teria um custo na prática. Cálculos da Prefeitura indicam que cada agente de trânsito ficaria responsável por 80 vagas. Sendo 1.361, mas 1.222 disponíveis para exploração, as planilhas apresentadas apontam a necessidade de 32 agentes, o equivalente a R$ 107,1 mil por mês. Incluindo investimentos com pintura, combustível e uniformes, o montante saltaria para R$ 186,8 mil. “Hoje, a cidade virou um estacionamento coletivo. Precisamos urgentemente da rotatividade. E quem não tem carro? Vai ter que pagar para quem usa uma vaga?”, questionou o vice-prefeito. “Não existe gasto. Se tiver, são apenas dois fiscais. Vamos fazer um teste. Não entendo essa resistência…”, desabafou De Franceschi.

Planilhas foram apresentadas para rebater proposta de gratuidade / Foto: OC

Arma e ampliação

Em um dos momentos, uma arma do delegado José Antônio Taschetto Mota chegou a cair no chão. A cena causou espanto. Mas o integrante do conselho tratou de acalmar os presentes. “Está travada”, acenou para o alívio do grupo. Se a arma tem trava para segurança, o projeto da Prefeitura para implantar o Rotativo na cidade não deve ter. Ao menos foi o que sugeriu o vice-prefeito durante a reunião ao comentar a respeito da ideia de expandir a área de abrangência do sistema. “Será algo mais para frente, uma vez aprovado”, explicou ao abordar a possibilidade de ampliação do número de ruas com cobrança em um segundo momento de atuação do Estacionamento Rotativo pago.

A tensão continuou ainda quando apenas os conselheiros ficaram na sala da Prefeitura onde a reunião ocorreu. Atendendo ao pedido do vice-prefeito, os demais presentes saíram do local para os integrantes do Comtran debaterem a pauta. “Vamos votar. Estamos aqui. Temos uma agenda cheia. Podemos aproveitar e votar logo”, considerou o comandante do 35º Batalhão da Polícia Militar, Jaime Soligo, que já foi presidente do conselho e segue integrando o Comtran. “Ninguém vai mudar de opinião”, completou o secretário municipal de Obras, Isaías Gabriel.

Vice-prefeito conduziu discussão que não contou com prefeito de Cachoeira / Foto: OC

Soligo ainda chegou a questionar a votação anterior do conselho que não teve participação dos titulares presentes na reunião da tarde desta segunda-feira (29). De Franceschi, apesar de ser o único do Comtran a dizer ser a favor do sistema sem cobrança, permaneceu junto aos demais na sala com portas fechadas.

O projeto segue em tramitação na Câmara em regime de urgência e cabe a sugestão de emendas. Entre as propostas que devem ser incluídas está o aumento no tempo de tolerância: de 10 minutos previstos no atual projeto para 15 minutos.