Desde março de 2018, um grupo de golpistas age extorquindo dinheiro de empresários na Região. A oferta de marketing digital gratuito sempre vem seguida de cobrança de honorários, multas e custas administrativas. O alvo são empresários e comerciantes, que são induzidos pelos golpistas a aceitarem a oferta.
Conforme o sócio de um escritório de advocacia que cuida de dois casos envolvendo o golpe, Marco Antônio Borba, os estelionatários agem da mesma forma. “Eles aproveitam-se da honestidade dos empresários para extorquir dinheiro. É uma ação que requer cuidado”, alerta. Borba alerta que a perda financeira pode ser grande. “Em uma das empresas, o prejuízo chega a R$ 300 mil, na outra, o golpe aplicado foi de R$ 50 mil”, revela.
O advogado conta que investigou a empresa a partir das informações fornecidas pelos clientes que foram
lesados. “O endereço para o qual está registrada a empresa é no subúrbio de São Paulo. Existe um prédio
no local, mas vazio, sem ninguém trabalhando”, detalha Borba. “Este golpe se assemelha muito com o da
lista telefônica, que empresas são forçadas a pagarem por anúncios em guias, na internet. Como a
tendência atual é do marketing digital, os termos usados pelos golpistas são para impulsionamento e
presença digital das marcas”, acrescenta.
De acordo com o especialista em Direito Empresarial, antes de assinar qualquer autorização ou contrato, empresários que recebem este tipo de propostas precisam consultar um profissional qualificado. “Qualquer advogado identificaria que a proposta se trata de um golpe, pois a autorização na verdade é um contrato. É preciso muita cautela na hora de preencher este tipo de documento. Estes golpistas têm um poder de convencimento enorme, é fácil ceder à proposta”, orienta.
Os dois clientes registraram boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia. “Pesquisamos e descobrimos que este tipo de crime é bem comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Na Região Sul e
no nosso Estado não se tinha registros semelhantes”, complementa.
Como agem os golpistas do marketing digital
Segundo as próprias vítimas, os golpistas fazem um contato, geralmente via telefone, com a empresa, oferecendo de forma gratuita o serviço de impulsionamento da marca na internet. Para que o trabalho seja iniciado, o empresário é forçado a assinar uma autorização, digitalizá-la e enviar pelo Correio. Este documento, segundo Borba, na verdade é um contrato, que possui cláusulas e multas, em caso de desistência do serviço. “Esta parte está escrita com corpo de letra minúsculo, quase impossível de ler”, destaca o advogado.
Quando o empresário descobre que caiu em um golpe é que começam as ameaças. “Eles cobram multas,
taxas e até custos de processo. Ameaçam as vítimas e familiares, informando que elas serão negativadas,
caso não paguem. Quem é honesto acaba depositando o dinheiro para os criminosos”, explica.