O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Warlet Machado, reuniu-se nesta quinta-feira (6) com representantes da Associação dos Usuários da Capané (AUC) e técnicos do Irga para discutir a irrigação das lavouras atendidas pela Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul. A reunião foi motivada pela redução do nível da barragem, que gerou preocupação entre os usuários.
No entanto, o presidente do Irga, que foi pessoalmente verificar a situação do reservatório, garantiu que não faltará água para as lavouras. “Já adotamos diversas medidas para manter a irrigação, se necessário, iremos acessar o volume morto do reservatório”, afirmou Machado, destacando que apenas uma parte das lavouras irrigadas pela Capané ainda precisam de água, já que o ciclo de irrigação está chegando ao fim.
A barragem do Capané é fundamental para a irrigação de cerca de 2,3 mil hectares de lavouras de arroz, beneficiando aproximadamente 40 produtores da região. O Irga tem trabalhado para garantir a segurança e a eficiência da barragem, incluindo a realização de obras emergenciais e a implementação de medidas de segurança. Com a garantia do abastecimento de água, os produtores da região podem manter a produtividade e a qualidade de suas lavouras. Participaram do encontro o presidente da Associação dos Usuários da Capané (AUC), Augusto Hoerbe; o coordenador da Região Central, Enio Coelho; o conselheiro do Irga, Rogério Hoerbe; o responsável pela irrigação, Jorge Moura.
Barragem do Capané é um desafio constante para o Irga
Também nesta quinta-feira, o prefeito Leandro Balardin recebeu na Prefeitura o presidente do Irga, Rodrigo Machado, e o coordenador regional, Ênio Coelho. No encontro, ficou muito claro pelas informações repassadas pelos representantes do Irga de que a Barragem do Capané representa um desafio constante para a autarquia e aos próprios produtores que dela dependem para garantir a irrigação de suas lavouras.
Com uma das comportas já fora de alcance do volume reservado, o presidente do Irga acrescentou que os engenheiros da instituição estadual já montaram um plano “B” para atender eventual necessidade que fuja ao planejado. “Se, em último caso, for necessário, ainda temos uma reserva de 5% do volume morto que poderá ser puxada por bombas flutuantes para suprir o canal que chega às lavouras, mas pela situação que visualizamos, entendemos que não alcançaremos esta condição emergencial”.
A Barragem do Capané iniciou a safra “sangrando” por conta da necessidade de manter um nível de segurança de 7 metros no ponto de medição, depois que foram identificadas microfissuras no seu maciço quando a reserva de água está elevada. Com o excesso de chuvas de 2024, todas as comportas ficaram abertas até alcançar a cota segura. A irrigação começou com a barragem em 7,3 metros, mas mesmo há dois anos, quando houve uma estiagem mais relevante, não chegou ao nível baixo que está na atualidade, de 1,7 metro na régua.
As chuvas mais recentes, embora tenham reposto um pouco de água nos arroios, não geraram recarga significativa ao manancial do Estado. “É uma situação inédita, mas como a colheita está muito próxima, ainda que não chova, vamos chegar justos ao final do período da irrigação”. Atualmente são irrigadas pela Barragem do Capané lavouras que somam 2.350 hectares. Machado também aproveitou para falar sobre a busca de solução para a ocupação dos prédios do instituto na cidade.
Um dos armazéns, junto ao Rio Jacuí, próximo à Pradozem, está inativo, mas gerando custos. O dirigente arrozeiro também lembrou que Cachoeira do Sul, além de um laboratório de sementes, da Barragem do Capané, do Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) e da coordenadoria regional, mantém uma das principais estações de pesquisas em arroz do país.
O prefeito Leandro Balardin agradeceu pela gentileza da visita e a explanação dos representantes do Irga, elogiou as ações dos técnicos do instituto no município e na região e pediu a colaboração no sentido de viabilizar uma solução para o impasse da Barragem, que precisa de investimentos para a construção do vertedouro e a reforma ou construção de nova taipa, entre outras medidas como a revisão de alguns convênios com a Secretaria do Desenvolvimento Rural. Também enfatizou a relevância do instituto em buscar uma solução para permutar o imóvel no Centro da cidade, na região dos Engenhos, cujo armazém encontra-se em precárias condições e já passou por uma tentativa de permuta.
Rodrigo Warlet Machado explicou que o instituto pretende abrir licitação nos próximos meses no sentido de buscar uma nova sede no Município em troca dos imóveis hoje existentes. O coordenador regional, Ênio Coelho, apresentará um laudo sobre a situação dos cerca de 24 mil hectares semeados com arroz em Cachoeira, para também embasar o decreto de emergência que a Prefeitura pretende publicar nos próximos dias.