Surge em Cachoeira do Sul uma iniciativa, que promete trazer visibilidade e assistência para portadores de fibromialgia, uma doença crônica que afeta principalmente mulheres, mas também pode atingir homens e jovens. Liderada por Ana Paula Bitencurtt Carvalho, a nova Associação Cachoeirense de Pessoas com Fibromialgia (ACAFI) busca garantir direitos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes no município.
A fibromialgia é caracterizada por dores intensas e generalizadas, fadiga, insônia e hipersensibilidade em pontos específicos do corpo. Segundo Ana Paula, o diagnóstico é um processo criterioso, realizado por um reumatologista, após a exclusão de outras doenças. “Muitas pessoas convivem com a condição sem saber, enquanto outras enfrentam dificuldades para obter o diagnóstico devido à falta de acesso a especialistas”, salienta Ana Paula.
ATENDIMENTO AINDA É LIMITADO
Em Cachoeira do Sul, o atendimento especializado para fibromialgia ainda é limitado. Embora um decreto municipal reconheça a fibromialgia como condição prioritária para atendimentos, ainda não há suporte completo pelo SUS. Segundo Ana Paula, atualmente, os pacientes precisam se deslocar para outras cidades para consultas com reumatologistas e fisioterapeutas, além de depender de medicamentos caros, como duloxetina e pregabalina, que podem custar até R$ 300.
AUSÊNCIA DE MEDICAÇÃO
A ausência de medicação regular pelo SUS também é um problema recorrente. Ana Paula relata sua experiência pessoal: “Recebi os remédios por dois meses, mas, na terceira vez que fui buscar, fui informada de que não havia mais disponibilidade e não sabiam quando chegariam novamente”.
A ESTRUTURA DA ACAFI
Fundada em maio com 13 integrantes, a ACAFI cresceu rapidamente e hoje conta com 75 membros. A diretoria da associação é composta por Ana Paula Bitencurtt Carvalho como presidente, Maristela da Silva Lopes Bulsing como vice-presidente, Jennifer Gabrielle Neis como secretária geral, Viviane de Oliveira Pereira como segunda secretária, Rochelle Brum dos Santos na tesouraria e Sabrina Correia Aires como segunda tesoureira.
O conselho fiscal é integrado por Marlete Sidinara da Cruz e Fabiane Felix Torres. Além da diretoria, as coordenadoras do grupo, Ani Frey e Ana Paula Carvalho, atuam ativamente na mobilização dos membros e na articulação de demandas junto ao poder público.
OBJETIVOS E LUTAS DA ASSOCIAÇÃO
A ACAFI se consolidou como uma entidade sem fins lucrativos com metas claras:
– Formalizar a inclusão do CID M79.7 (fibromialgia) nos registros municipais;
– Garantir acesso a consultas com reumatologistas, psicólogos, psiquiatras e fisioterapeutas na cidade;
– Promover campanhas de conscientização sobre a fibromialgia para a população em geral e gestores públicos;
– Ampliar o suporte a pacientes, com foco no bem-estar e inclusão social.
Um dos avanços recentes da associação foi a conquista do passe livre intermunicipal para portadores de fibromialgia. O próximo passo é assegurar o passe livre municipal, essencial para facilitar o deslocamento dos pacientes em Cachoeira do Sul.
Fibromialgia: uma doença multifatorial e sem cura
A fibromialgia ainda é um enigma para a medicina. Classificada como uma síndrome multifatorial, a doença não tem causa definida nem cura. Afeta majoritariamente mulheres de 30 a 55 anos, mas homens e jovens também podem ser diagnosticados.
O diagnóstico requer avaliação criteriosa, incluindo exames para descartar outras condições e análise de pontos sensíveis no corpo. “Muitas pessoas não reconhecem os sintomas ou buscam tratamento somente para condições associadas, como ansiedade e depressão, retardando o diagnóstico e o início do tratamento adequado”, explica Ana Paula.
Próximos passos e mensagem de esperança
A ACAFI planeja expandir sua atuação, formalizando parcerias e promovendo ações educativas para a comunidade. “Queremos que os portadores de fibromialgia em Cachoeira do Sul saibam que não estão sozinhos. Nossa luta é por um futuro mais justo e inclusivo”, conclui Ana Paula.