Haverá um tempo – e não falta tanto – em que as máquinas ocuparão as profissões. Será quando o ser humano não precisará mais trabalhar. Nem para comandar as máquinas. Se houver necessidade de controle, outras máquinas farão o serviço.
Teremos, então, duas pautas que deverão ser debatidas por uma geração anterior: como será a distribuição da riqueza e como nos enxergaremos enquanto indivíduos?
Se ninguém vai trabalhar, o salário não tem sentido. Do que viverá? O que será da economia. Nesse cenário, teremos três personagens na sociedade. Aqueles que serão servidos pelas máquinas – podemos chamar de os “comuns”; as máquinas; e os donos das máquinas. Para reger a engrenagem da nova sociedade, um grupo regente – um único para o planeta ou um para cada país.
As máquinas precisarão de manutenção. Só. Conforme o caso, atualização. Teremos, por outro lado, os seres humanos, divididos entre os donos das máquinas e aqueles que serão apenas servidos pelos dispositivos. A conclusão, após debates em torno do avanço da tecnologia, será: os donos das máquinas receberão um montante maior que os “comuns”. Valores repassados pelo grupo regente. Uma espécie de auxílio aos “comuns” e pagamento por valorização aos donos das máquinas. Dinheiro digital, claro. Controlado de forma a não criar caos financeiro. Os donos das máquinas serão a faixa rica da sociedade. Os “comuns” sobreviverão com o auxílio e sendo servidos pelas máquinas.
A segunda questão: como nos enxergaremos? Haverá uma crise de identidade inicial. Afinal, somos o que fazemos enquanto trabalhadores. Quando somos alvos da pergunta sobre quem somos, a resposta costuma ser liegada com o nosso trabalho. Quando não tivermos mais que trabalhar, o que seremos?
Em uma visão mais simplista ainda: o capitalismo irá evoluir a tal ponto que virará o socialismo, com a divisão igualitária de recursos entre os “comuns”. Possivelmente, com base em critérios como o tamanho da família. Ao mesmo tempo, a nova sociedade terá os ricos, donos das máquinas. E as máquinas, escravas de nossas vontades. Assim, chegaremos ao ponto de uma nova discussão: os direitos das máquinas enquanto… seres.