Crédito: Ascom Sict
O azeite de oliva extravirgem gaúcho, que recebe selo premium da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) desde o ano passado, ganhou espaço em painel realizado nesta sexta-feira, no RS Innovation Stage, palco do governo no South Summit Brazil. Com o crescimento do setor olivícola no Estado, novas questões surgiram, como o reaproveitamento de resíduos da produção do azeite de forma inovadora e sustentável.
Ao abrir o painel, o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, afirmou que a criação do selo premium foi um grande avanço para o setor. “Agora, temos o desafio de manter a qualidade do produto dentro de um processo que seja sustentável. Precisamos dar destino adequado aos rejeitos, o que torna essa discussão muito oportuna”, comentou Fernandes.
Segundo ele, o processamento da azeitona para obtenção do azeite produz 85% de resíduo, e esse problema vem sendo alvo de pesquisas e inovações. A CEO da OlivePlus, Camila Monteiro, explicou que a startup de Santa Maria estuda o bagaço da oliva para modificá-lo e reduzir a quantidade de caroço, o que pode melhorar o valor nutricional e contribuir para uma alimentação mais saudável.
O engenheiro agrônomo e consultor em olivicultura Fabrício Carlotto ressaltou que o resíduo da extração é uma preocupação grande e exige soluções inovadoras. “Por intermédio do Ibraoliva, buscamos congregar iniciativas voltadas ao resíduo. Uma delas é a produção de ração para alimento animal, com o alto conteúdo proteico do resíduo. Outras possibilidades são o uso na indústria cosmética e o aproveitamento para solado na indústria calçadista”, destacou Carlotto.
Conforme o engenheiro agrônomo, a extensão dos pomares está aumentando no Estado, o que eleva o volume de azeite produzido e, consequentemente, o resíduo. “Precisamos encontrar mecanismos e ações que aproveitem o resíduo e gerem outra fonte de renda ao produtor. Só assim seremos mais sustentáveis”, avaliou Carlotto.
Para Fernandes, existe uma grande oportunidade de crescimento do setor olivícola no Rio Grande do Sul. Isso porque, atualmente, são plantados 6 mil hectares, mas o potencial gaúcho é de até 1 milhão de hectares. “Uma das regiões beneficiadas pode ser a Metade Sul, que sofre com estiagens e dificuldades econômicas. A cultura que não teve prejuízo, na última safra, foi a olivicultura”, lembrou Fernandes.
As inscrições para a edição 2023 do Selo Produto Premium Origem e Qualidade RS – iniciativa da Sict, com coordenação do programa Produtos Premium em parceria com o Ibraoliva – estão abertas até 3 de maio. Segundo a titular da Sict, Simone Stülp, o selo é uma chancela do Estado para cadeias produtivas tradicionais que buscam inovar e agregar valor aos seus produtos. “Agora, os consumidores contam com uma marca visual que facilita a identificação de azeites de alta qualidade. Buscamos também reduzir a falsificação de produtos”, explicou a secretária.