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Um projeto de lei da Prefeitura encaminhado para a análise dos vereadores prevê a denominação de ruas nos bairros Habitar Brasil e Virgilino Jayme Zinn. Serão quatro vias na homenagem para “personalidades negras cachoeirenses”.
“Entre eles, ativistas negros e LGBTQI+, religiosos, professores e carnavalescos” – trecho do projeto
Além disso, o projeto “Ruas Personalidades Negras Cachoeirenses” também visa resgatar o histórico dos homenageados, “tornar público e de conhecimento da comunidade”.
Os quatro homenageados são Maria Ondina Machado, Nickolle Rocha, Aracy Rodrigues Leite e Maria Aparecida Mariano.
Saiba mais
Maria Ondina Machado / (Mãe Ondina)
Maria Ondina Machado nasceu no dia 23 de agosto de 1941 e faleceu no dia 15 de abril de 2018. Sabe-se que ela morou no Bairro Carvalho e no antigo Bairro Parque Scopel.
Conhecida como “Mãe Ondina”, começou a Casa de Religião no Beco dos Trilhos e levantou a bandeira da religião africana e desmistificou o preconceito ao utilizar vestes religiosas como turbantes e guias de pescoço para frequentar
lugares públicos como o comércio e as agências bancárias de Cachoeira do Sul. Construiu o nome e marco na história do povo de religião cachoeirense.
Mãe Ondina tinha um programa de entrevistas e consultas na Rádio Cachoeira aos sábados.
Nickolle Rocha
Nickolle Rocha, transexual, nasceu no dia 6 de abril de 1997 e faleceu no dia 11 de julho de 2016 vítima de brutalidade.
“Infelizmente, a forma que a mesma morreu mostra a violência contra a população LGBTQI+” – trecho do projeto
Conhecida pelos seus títulos de beleza, ficou conhecida pela sua simpatia, pelo zelo familiar e por levar o nome da
cidade de Cachoeira do Sul a outros municípios. Nickolle foi Rainha da Diversidade da escola Aldeanos 2015, Miss Diversidade Cachoeira do Sul / Miss Simpatia do RS 2015 na cidade de Cruz Alta e por último, o marco na vida foi a
primeira representante da Diversidade do Carnaval 2015 da cidade.
Aracy Rodrigues Leite
Aracy Leite, militar aposentado, faleceu em 2013. Era ativista negro e foi o fundador do grupo de amigos Saudosa Moloca, da Liga Carnavalesca de Cachoeira do Sul, da Escola de Samba Artilheiros do Samba, do Clube Cultural Beneficente União Independente e da Associação Cachoeirense da Cultura Afro – ACCA. Ele era também compositor, puxador de samba, jurado de desfiles de escolas de samba, desenvolveu projetos na Escolhas da Mais Bela Negra de Cachoeira do Sul e foi o organizador do concurso Mais Belo Negro de Cachoeira do Sul.
Maria Aparecida Mariano / (Maria Aparecida Machado Soares)
No dia 13 de janeiro de 1940, nascia na Rua Marques Ribeiro, número 958, Maria Aparecida Machado Soares, ou simplesmente, Mariazinha.
Filha mais velha de Doralino Henrique Soares e Alvorina Machado Soares (ambos já falecidos), irmã de Maria de Lourdes Soares Machado, Sílvio Carlos Machado Soares e Geraldo Adão Machado Soares (falecida), Mariazinha viria a ser a primeira cantora negra de Cachoeira do Sul a se destacar com uma voz potente, forte e afinadíssima em belíssimas apresentações no prestigiado programa de auditoria da Rádio Cachoeira, na década de 1960, denominado “Pausa na Semana”, ao lado de Gessi Machado (falecida) e Romeu Nunes, o Romeuzinho (já falecido). José Schneider Silva era na época o diretor da rádio.
Participava de grupos de teatro nas noites culturais do Clube Beneficente União Independente, cujo diretor cultural da época era Cliu Paulo de Melo (falecido), músico de Santa Maria.
Com o surgimento da escola de samba do Clube Independente, Artilheiros do Samba, ao lado dos solistas Gessi Machado (seu cunhado) e Aracy Leite (falecida), Mariazinha marcou seu nome no Carnaval de Cachoeira do Sul.
Em 28 de junho de 1966, Mariazinha passa a ser “Maria Aparecida Soares Mariano”, esposa de Gilberto Mariano e mãe de Carla (falecida), Luciane, Denise, Patrícia, Alexandre e Alexsandra.
Na década de 1980, a paixão pela música a fez participar do show de calouros do Velho Guerreiro, o Chacrinha, em uma visita ao Município, vindo a ficar em primeiro lugar.
“Visto o exposto, considerando o interesse público que se encontra presente no Projeto de Lei ora apresentado, solicito análise e posterior aprovação, contando com a colaboração dos nobres vereadores” – pedido do prefeito José Otávio Germano
A Rua Maria Ondina Machado será o nome da atual Rua n° 8. Na placa indicativa: “Rua Maria Ondina Machado”, “Mãe de Santo e ativista negra” e a frase “Não há bem que sempre dure, mas também
não há mal que não tenha fim”.
Ainda será denominada Rua Nickolle Rocha, a Rua n° 5. Placa indicativa: “Rua Nickolle Rocha”, “Ativista LGBTQI+, ativista negra e representante da diversidade do Carnaval de Cachoeira do Sul” e a frase “Nada na vida é por acaso, estamos neste mundo só de passagem, viva a vida, o brilho é para todos”.
A Rua Aracy Rodrigues Leite será o nome dado para a atual Rua n° 7, no Bairro Habitar Brasil, com os dizeres “Rua Aracy Rodrigues Leite”, “Ativista negro, militar, compositor, puxador de samba e fundador da Escola Artilheiros do Samba” e a frase “Não judia do Dóquinha meu filho. Forma de zelar pela música”.
A Rua Maria Aparecida Mariano – atual Rua n° 9 – terá os dizeres “Rua Maria Aparecida Mariano”, “Cantora” e a frase “Somos mais fortes do que qualquer coisa que aconteça”.
