Cachoeira entra em alerta contra a Monkeypox

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Cachoeira entra em alerta contra a Monkeypox
SAÚDE
11 de agosto de 2022 - Reunião online 1

A rede de saúde pública de Cachoeira do Sul, que já se encontrava em estado de alerta com a chegada da doença causada pelo Monkeypox vírus (MPV) ao Estado – chamada ainda de “varíola dos macacos”, deu a largada oficial pelo diagnóstico, monitoramento e tratamento da nova patologia em território local. Amparada pela Nota Informativa do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) – e demais informes técnicos repassados pelo Ministério da Saúde, a Secretaria Municipal da Saúde envolveu profissionais da rede básica para reunião de orientação na manhã desta quinta-feira (11/08), no formato online, a fim de transmitir o protocolo assistencial de atendimento a casos suspeitos/confirmados da popularmente conhecida como varíola dos macacos.

A Vigilância Epidemiológica e a Coordenação de Enfermagem da SMS conseguiram mobilizar 23 médicos e enfermeiros no encontro, que revisou as instruções técnicas e serviu para esclarecer dúvidas gerais em torno da nova doença, a fim de se estabelecer a padronização do processo de assistência e de orientações epidemiológicas e laboratoriais, seja no âmbito público como no privado. “Num primeiro momento, o foco foi preparar as equipes para o acolhimento e tratamento dos sintomas nas unidades, conduzir a investigação laboratorial (as amostras seguirão ao Lacen), definir os protocolos de atendimento e a notificação dos casos suspeitos e confirmados aos órgãos oficiais. Nosso próximo passo será envolver consultórios médicos e laboratórios privados na formatação dos fluxos padronizados”, esclareceu a enfermeira responsável pelo setor de epidemiologia da SMS, Andréa Santos.

Foto Noticia Principal Grande

 

CENÁRIO LOCAL

Embora o Município não tenha registro oficial da Monkeypox até o momento (são 29 casos confirmados no Rio Grande do Sul, em 14 cidades, com outros 64 casos sob investigação), a mobilização engloba as coordenações técnicas da Unidade de Pronto Atendimento e Hospital de Caridade e Beneficência, sobretudo porque a doença, dependendo do critério de gravidade, poderá envolver internação com isolamento. “A Secretaria da Saúde já produziu uma ficha de notificação que foi compartilhada com a UPA e o HCB, a fim de adotarmos condutas afins”, reiterou o secretário municipal da saúde, Marcelo Figueiró. “Estamos preparados e vigilantes diante desse mais novo desafio”, afirmou.

São considerados grupos de risco para a varíola dos macacos as crianças menores de oito anos, gestantes e pacientes imunossuprimidos, além dos profissionais de saúde devido à exposição regular aos infectados. Nesta quarta-feira (11/08), a Vigilância Epidemiológica analisou uma situação de um paciente notificada pela UPA, com a ocorrência de lesões e outros sintomas compatíveis com a doença, mas o caso não se enquadrou nos critérios para classificação como suspeito.

A DOENÇA

A doença é causada pelo Monkeypox vírus (MPV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, cuja transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus.

TRANSMISSÃO

A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com lesões de pele ou fluidos corporais de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados, tais como toalhas e roupas de cama. Pode ocorrer também por meio de gotículas respiratórias, o que geralmente requer contato mais próximo entre o paciente infectado e outras pessoas. Esta última forma é a que torna trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos os mais propensos à infecção. Uma pessoa pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam até a erupção ter cicatrizado completamente e uma nova camada de pele se forme. Adicionalmente, mulheres grávidas podem transmitir o vírus para o feto através da placenta.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO E SINTOMAS

O período de incubação é de seis a 16 dias, podendo chegar a 21 dias, seguido de febre, sudorese, cefaleia, mialgia e fadiga. Cerca de um a três dias após a febre, aparece a erupção cutânea, que habitualmente afeta o rosto e as extremidades. O período de incubação deve ser seguido de isolamento do suspeito, bem como para avaliação e monitoramento dos contatantes. O infectado somente deixa de transmitir a doença após os 21 dias ou enquanto apresentar lesões, o que pode ultrapassar esse prazo.

QUEM PODE SER INFECTADO

Podem ser acometidas pessoas de qualquer idade e há relatos de casos sem ocorrência das lesões características. É essa variedade de situações ainda pouco conhecidas da rotina médica que exigirá total atenção dos profissionais para o exame físico e avaliação geral de cada paciente, incluindo sua rotina domiciliar. A prevenção envolve o uso de máscaras, o distanciamento e a higiene criteriosa das mãos. Neste momento inicial, há também uma orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que se reduza o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição.

ONDE PROCURAR AJUDA

Os pacientes que apresentarem os sintomas devem procurar a unidade de saúde mais próxima de suas residências e fazerem um relato completo do quadro. A máscara de proteção facial (cirúrgica) será obrigatória para ambos (pacientes e profissionais), em área em que possa ser respeitado o distanciamento mínimo de um metro ou mais dos demais usuários do serviço de saúde. Aos profissionais indica-se, ainda, o uso de avental descartável, luvas de procedimento, óculos de proteção e gorro. As equipes de todos os postos de saúde da cidade estão aptas para o atendimento aos casos suspeitos.

EXAMES

O exame que identifica e confirma o Monkeypox vírus (MPV) é o RT-PCR, meio idêntico para detecção da Covid-19, tanto que os mesmos kits de insumos deverão ser usados para a coleta das amostras. O material é coletado nos postos de atendimento e seguirá para o Laboratório Central do Estado (Lacen).

VACINAS E ANTIVIRAIS

Na reunião com os profissionais de saúde da rede municipal, nesta quinta-feira, ficou evidente que o combate à doença causada pelo Monkeypox vírus (MPV) está, pelo menos por enquanto, norteado no tratamento dos sintomas. Há relatos de preparação de vacinas para bloquear o contágio de contatos próximos e profissionais de saúde, assim como é aguardada pelo mercado nacional a chegada de medicamentos antivirais específicos.