Após 6 feminicídios em 24 horas, Polícia Civil terá canal online para medidas protetivas

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Após 6 feminicídios em 24 horas, Polícia Civil terá canal online para medidas protetivas
POLÍCIA
20 de abril de 2025 - Violência contra a mulher: ferramenta para pedidos de medidas protetivas pela internet foi anunciada após Estado registrar seis feminicídios em menos de 24 horas, o que repercutiu em todo o país / Foto: Governo Federal/Divulgação

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul anunciou que, a partir da próxima semana, vítimas de violência doméstica poderão solicitar medidas protetivas de urgência pela internet. A medida, que já vinha sendo discutida internamente, terá sua implementação acelerada após uma série de feminicídios registrados no Estado em menos de 24 horas.

Na Sexta-feira Santa (18), seis mulheres foram assassinadas em diferentes cidades gaúchas, todas vítimas de seus atuais ou ex-companheiros. Nenhuma delas possuía medida protetiva ativa contra os agressores, segundo confirmou a própria Polícia Civil.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, destacou que o novo sistema permitirá que a vítima solicite a proteção sem precisar comparecer fisicamente à delegacia, o que pode ser decisivo para mulheres que sentem medo ou sofrem ameaças constantes.

“O que percebemos é que muitas mulheres não chegam a pedir ajuda porque temem represálias. A possibilidade de pedir a medida pela internet, sem que o agressor saiba, pode salvar vidas”, afirmou Sodré, em entrevista à imprensa da Capital. Ele estima que até 90% das vítimas de feminicídio não tinham proteção judicial em vigor.

Embora a data exata do lançamento da plataforma ainda não tenha sido definida, a expectativa é de que o anúncio oficial ocorra na próxima terça-feira (22). A ferramenta será integrada ao sistema já existente de registro eletrônico de ocorrências e será divulgada em todos os canais institucionais da Polícia Civil.

Seis feminicídios em menos de 24 horas

A tragédia que antecipou o lançamento da ferramenta ocorreu entre a madrugada e a tarde de sexta-feira, quando seis mulheres foram assassinadas no Estado. Em todos os casos de feminicídio, os suspeitos eram seus companheiros ou ex-companheiros. Veja os detalhes:

  • Parobé: Caroline Machado Dorneles, 25 anos e grávida, foi morta a facadas em via pública. O suspeito, ex-companheiro da vítima, foi preso no sábado (19).

  • Feliz: Raíssa Müller, 21 anos, e seu namorado, Eric Turato, 24, foram assassinados a facadas dentro de casa pelo ex-namorado da jovem, que teria invadido o local após ver uma publicação do casal nas redes sociais. O autor do crime está internado sob custódia.

  • São Gabriel: Uma mulher de 47 anos foi morta a facadas pelo ex-companheiro, de 54 anos. A filha da vítima, de apenas seis anos, presenciou o crime. O agressor foi preso.

  • Viamão: Patrícia Viviane de Azevedo, 50 anos, técnica de enfermagem, foi morta com um tiro na cabeça. A arma usada foi um revólver calibre 32 encontrado na residência do casal. O suspeito, ex-companheiro da vítima, fugiu do local.

  • Bento Gonçalves: Jane Cristina Montiel Gobatto, 54 anos, foi esfaqueada e morta pelo companheiro, de 64 anos, que foi preso em flagrante.

  • Santa Cruz do Sul: Simone Andrea Meinhardt foi assassinada a facadas dentro de casa. O autor do crime, seu companheiro, foi preso e autuado em flagrante.

Segundo a Polícia Civil, não há ligação entre os casos de feminicídio de sexta-feira. Para Sodré, a motivação em todos os casos está relacionada a fatores estruturais, como o machismo e a tentativa de controle sobre as mulheres.

“São crimes impulsionados pela ideia de posse, pelo inconformismo em aceitar o fim de um relacionamento. Enquanto isso não mudar, continuaremos vivendo essa triste realidade”, concluiu o chefe da Polícia Civil gaúcha sobre a onda de feminicídios que abalou o Rio Grande do Sul e que repercutiu em todo o país.

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